Página inicial
 Empoderamento




Traduções:

Català
English
Español
Filipino/Tagalog
Français
Ελληνικά / Elliniká
Italiano
日本語 / Nihongo
Polszczyzna
Português
Romãnã
Српски / Srpski
Tiếng Việt
Türkçe
اردو / Urdu

                                        

Outras Páginas:

Módulos

Mapa Do Site

Palavras Chave

Contato

Documentos Úteis

Links Úteis

Contents:

Contents:

Contents:

Contents:

Contents:

FACTORES DE POBREZA

Os cinco grandes

por Phil Bartle, PhD

traducido por Inês Rato


Workshop Anotações

Quais são os principais fatores da pobreza?

Pobreza como um problema social:

Todos já sentimos falta de dinheiro em determinadas ocasiões. Essa é uma experiência individual. Não é o mesmo que o problema social da pobreza. Enquanto que dinheiro é a medida da riqueza, a falta de dinheiro pode ser a medida de riqueza, mas não é o problema social da pobreza. Ver "Princípios."

A pobreza como um problema social é como uma ferida profunda que afecta todas as dimensões da cultura e sociedade. Inclui níveis sustentáveis de baixo rendimento para os membros da comunidade. Inclui a falta de acesso a serviços como a educação, mercados, serviço de saúde, falta de capacidade para a tomada de decisões, e a falta de infraestruturas comunitárias como água, saneamento, estradas, transportes, e comunicações. Ainda mais, é "pobreza de espírito," que permite aos membros da comunidade acreditar e partilhar no desespero, falta de esperança, apatia, e timidez. A pobreza, em particular os factores que contribuem para ela, é um problema social, e a sua solução é social.

Aprendemos nestas páginas de formação que não podemos combater a pobreza aliviando os seus sintomas, mas apenas combatendo os factores de pobreza. Este documento enuncia e descreve os "cinco grandes" factores que contribuem para o problema social da pobreza.

A simples transferência de factores, mesmo que seja para as vítimas da pobreza, não irá erradicar ou reduzir a pobreza. Irá meramente aliviar os síntomas da pobreza no curto prazo. Não é uma solução duradoura. A pobreza como um problema social requer uma solução social. Essa solução é a remoção clara, consciente e deliberada os cinco grandes factores da pobreza.

Factores, causas e história:

Um "factor" e uma "causa" não são exactamente a mesma coisa. Uma "causa" pode ser vista como algo que contribui para a origem do problema como a pobreza, enquanto que um "factor" pode ser visto como algo que contribui para a sua continuação após a sua existência.

A pobreza a uma escala mundial tem muitas causas históricas: colonialismo, escravatura, guerra e conquista. Existe uma diferença importante entre essas causas e aquilo que chamamos factores que contribuem para manter as condições da pobreza. A diferença está em termos daquilo que nós, hoje, podemos fazer acerca do assunto. Não podemos regressar no tempo e mudar o passado. A pobreza existe. A pobreza é provocada. Aquilo que pode ser potencialmente influenciado são os factores que perpetuam a pobreza.

É sabido que muitas nações da Europa, que enfrentaram guerras devastadoras, tais como a Primeira e Segunda Guerras Mundiais, foram reduzidas a grande pobreza, onde as pessoas tiveram de se sujeitar a viver de esmolas e caridade, mal sobrevivendo. Ao longo das décadas elas conseguiram por elas mesmas aumentar o seu nível real de rendimento nacional, e tornar-se em nações modernas influentes e prosperantes com pessoas prosperantes. Também sabemos que muitas outras nações se mantiveram entre as menos desenvolvidas do planeta, ainda que milhares de milhões de dólares na chamada "ajuda" monetária tenha sido gasta com elas. Porquê? Porque os factores da pobreza não foram combatidos, apenas os seus sintomas. Ao nível macro ou nacional, um baixo PNBproduto nacional bruto) não é pobreza; é um sintoma da pobreza, como problema social.

Os factores da pobreza (como problema social) que estão enunciados aqui ignorância, doença, apatia, desonestidade e dependência, devem de ser vistos simplesmente como condições.  Não se pretende qualquer julgamento moral.  Não são bons ou maus, são simplesmente. Se é da decisão de um grupo de pessoas, como dentro de uma sociedade ou numa comunidade, reduzir e remover a pobreza, terão de, sem qualquer julgamento moral, observar e identificar estes factores, e agir para os remover como  a forma de erradicar a pobreza.

Os cinco grandes, por seu turno, contribuem para factores secundários tal como a falta de mercados, fracas infraestruturas, fraca liderança, má governação, sub-emprego, falta de qualificações, absentismo, falta de capital, entre outros. Cada um destes é um problema social, cada um é provocado por um ou mais do que um dos cinco grandes, e cada um contribui para a perpetuação da pobreza, e a sua erradicação é necessária para a remoção da pobreza.

Os cinco grandes

Olhemos brevemente para cada um dos cinco grandes.

Ignorância:

A ignorância significa ter falta de informação ou falta de conhecimento. É diferente de estupidez que é a falta de inteligência, e diferente de parvoíce que é a falta de sabedoria. Os três conceitos são muitas vezes confundidos e assumidos como iguais por algumas pessoas.

""O conhecimento é poder," de acordo com o velho ditado. Infelizmente, algumas pessoas, sabendo isto, tentam manter o conhecimento para elas mesmas (como uma estratégia de obter uma vantagem injusta), e prejudicar os outros na obtenção de conhecimento. Não se pode esperar que porque se forma alguém para numa capacidade, ou se fornece alguma informação, que essa informação ou capacidade irá naturalmente alargar-se ao resto da comunidade.

É importante determinar qual é a informação que está em falta. Muitos planeadores e pessoas com boas intenções que querem ajudar uma comunidade a se fortalecer, pensam que a solução é educação. Mas educação significa diversas coisas. Alguma informação não é importante para a situação. Não irá ajudar um agricultor se este souber que o Romeu e a Julieta morreram na peça de Shakespeare, mas seria mais útil saber qual é o tipo de semente que irá sobreviver no solo local, e qual não irá sobreviver.

A formação neste conjunto de documentos para o empoderamento da comunidade inclui (entre outras coisas) a transferência de informação. Ao contrário da educação generalizada, que tem a sua própria história de causas para a selecção daquilo que é incluído, a informação que é aqui incluída destina-se a fortalecer a capacidade, não para iluminação geral.

Doença:

Quando uma comunidade tem uma taxa elevada de doença, o absentismo é elevado, a produtividade é baixa, e menos riquerza é criada. Para além da miséria, desconforo e morte que resulta da doença, é também um factor importante para a pobreza numa comunidade. Estar bem (bem-estar) não só ajuda os individuos que estão saudáveis, mas também contribui para a erradicação da pobreza na comunidade.

Aqui, tal como noutros ocasiões, a prevenção é melhor que a cura. É um dos princípios básicos do cuidado de saúde primário. A economia fica muito mais saudável se a população estiver sempre saudável; muito mais do que se as pessoas ficarem doentes e devem de ser tratadas. A saúde contribui para a erradicação da pobreza mais em termos de acesso a água potável que seja segura e limpa, separação do saneamento da fonte da água, conhecimento de higiene e prevenção de doenção -- muito mais do que clínicas, médicos e medicamentos, que são soluções de cura caras muito mais que a prevenção contra a doença.

Lembre-se que estamos preocupados com os factores, não com as causas. Não importa se a tuberculose foi introduzida por estrangeiros que vieram comercializar ou se foi indígena. Não importa se o VIH que leva à SIDA foi uma conspiração da CIA para desenvolver armas biológicas, ou se veio de macacos na sopa. Essas são causas possíveis. Conhecer as causas não irá remover a doença. Conhecer os factores pode levar a melhor higiene e comportamento de prevenção, e levam à erradicação.

Muitas pessoas vêem o acesso a cuidados de saúde como uma questão de direitos humanos, como a redução do sofrimento e miséria e qualidade de vida das pessoas. Estas são todas razões válidas para contribuir para uma população saudável. O que se argumenta aqui, mais do que essas razões, é que uma população saudável contribui para a erradicação da pobreza, e também se argumenta que a a pobreza não só se mede pelos altos níveis de morbidez e mortalidade, e também que a doença contribui para outras formas e aspectos da pobreza.

Apatia:

Apatia é quando as pessoas não se interessam, ou quando se sentem tão incapazes que não tentam modificar as coisas, corrigir um mal, emendar um erro, ou melhorar as condições.

Por vezes, algumas pessoas sentem-se tão incapazes de alcançar alguma coisa, sentem tanta inveja dos seus parentes ou membros da sua comunidade que o tentam. Então tentam deitar abaixo quem tenta e levá-lo ao seu próprio nível de riqueza. Apatia gera apatia.

Por vezes a apatia é justificada por preceitos religiosos, "Aceita o que existe porque Deus decidiu o teu destino." Este fatalismo pode ser usado como uma desculpa. Não há qualquer problema em acreditar que Deus decide o nosso destino, se aceitarmos que Deus pode decidir que nós devemos estar motivados para nos melhorar a nós próprios. "Reza a Deus, mas rema também para a margem," é um provérbio russo, que demostra que estamos nas mãos de Deus, mas também temos uma responsabilidade para connosco mesmos.

Fomos criados com muitas capacidades: de escolher, de cooperar, de organizar a melhoria da qualidade das nossas vidas; não devemos deixar que Deus ou Alá sejam usados como desculpa para fazer nada. Isso é tão mau como uma maldição sobre Deus. Devemos honrar Deus e usar os nossos talentos dados por Deus.

Na luta contra a pobreza, o mobilizador deve encorajar e elogiar, de forma a que as pessoas (1) queiram e (2) aprendam a –– tomar o controlo sobre as suas vidas.

Desonestidade:

Quando os recursos que se destinam a ser usados para serviços e infraestruturas da comunidade, são desviados para os bolsos privados de alguém numa posição de poder, mais do que a moralidade está a ser posta em causa. Neste conjunto de formação, não estamos a fazer um julgamento de valor se isso é bom ou mau. Estamos a salientar, no entanto, que é uma das causas principais da pobreza. Desonestidade entre pessoas de confiança e poder. O montante roubado ao público, que é recebido e gozado pelo individuo, é muito menos que a redução na riqueza que se pretende para o público.

O montante de dinheiro que é extorquido ou desviado não é o montante que se reduz de riqueza na comunidade. Economistas falam de um "efeito multiplicador". Onde a nova riqueza é investida, provocando um efeito positivo na economia ainda maior que o montante criado. Quando o dinheiro para o investimento é retirado de circulação, o montante de riqueza que se priva à comunidade é muito maior que aquele que é ganho pela pessoa que desvia o dinheiro. Quando um funcionário do Governo aceita um suborno de 100 dólares, o investimento social é diminuído por um valor que pode alcançar 400 dólares de riqueza para a sociedade.

É irónico que fiquemos muito chateados quando um ladrão rouba dez dólares em valores no mercado, mas quando um funcionário pode roubar mil dólares do bolso do público, que provoca um dano no valor de quatro mil dólares à sociedade como um todo, porém não condenamos o segundo ladrão. Respeitamos o segundo ladrão pela sua aparente riqueza, e elogiamos a pessoa por ajudar todos os seus parentes e vizinhos. Por contraste, precisamos da polícia para proteger o primeiro para que este não seja espancado pelas pessoas na rua.

O segundo ladrão é uma causa importante da pobreza, enquanto o primeiro ladrão pode muito bem ser uma vítima da pobreza provocada pelo segundo. A nossa atitude no parágrafo à esquerda, é muito mais que irónico; é um factor que perpetua a pobreza. Se nós recompensamos aquele que provoca mais dano, e castigamos aqueles que são verdadeiras vítimas, então as nossas atitudes mal direccionadas também contribuem para a pobreza. Quando dinheiro desviado é retirado do país e colocado num banco estrangeiro (por exemplo, suiço), então não contribui para a economia nacional; apenas ajuda o país do banco estrangeiro ou offshore.

Dependência:

A dependência resulta de estar no lado receptor da caridade. No curto prazo, tal como após um desastre, essa caridade pode ser essencial para a sobrevivência. No longo prazo, essa caridade pode contribuir para a possível desgraça do receptor, e certamente para a pobreza corrente.

É uma atitude, uma crença que alguém é tão pobre, tão desesperado, que não se pode ajudar a si próprio, que um grupo não se consegue ajudar a si próprio, e que deve depender de assistência que vem do estrangeiro. A atitude, e crença partilhada é o principal factor auto-explicativo para a perpetuação da condição de dependência de um individuo ou grupo em relação a ajuda exterior.

Existem muitos outros documentos neste site que se referem a dependência.  Ver: Dependência, e Revelando recursos escondidos. Ao explicar como usar a contagem de histórias para comunicar princípios essenciais para o desenvolvimento, a história de Maomé e a corda é usada para ilustrar o princípio que a ajuda não pode ser o tipo de caridade que enfraquece ao encorajar a dependência, devendo empoderar.

A metodologia de empoderamento da comunidade é uma alternativa a dar caridade (que enfraquece), mas dá assistência, capital e formação destinados a comunidades com baixo rendimento identificando recursos e controlando o seu próprio desenvolvimento ─tornando-se empoderados. Demasiadas vezes, quando um projecto se destina à promoção a independência, os receptores, até que sejam chamados à atenção, esperam, assumem e têm esperança que o projecto vem apenas fornecer os recursos para instalar uma infraestrutura ou serviço na comunidade.

Entre os cinco principais factores da pobreza, o síndroma da dependência é uma das principais preocupações do mobilizador da comunidade.

Conclusão:

Estes cinco factores não são independentes uns dos outros. A doença contribui para a ignorância e apatia. A desonestidade contribui para a doença e dependência. E por aí fora. Eles contribuem cada um para os outros.

Em qualquer processo de mudança social, somos encorajados a "pensar globalmente, e agir localmente." Os cinco grandes factores da pobreza parecem abranger e estar fortemente enraizados nos valores e práticas culturais. Podemos erradamente pensar que qualquer um de nós, na nossa vida individual, nada podemos fazer acerca deles.

Não desespere. Se cada um de nós fizer um compromisso pessoal para combater os factores da pobreza em qualquer posição da nossa vida, então no total do esforço conjunto de todos, e o efeito multiplicador das nossas acções sobre outros, irá contribuir para a decadência desses factores, e será a vitória máxima sobre a pobreza.

O material de formação deste site destina-se à redução da pobreza em duas frentes, (1) redução da pobreza comunitária através da mobilização de grupos comunitários para se unirem, organizarem e agirem em comunidade, e (2) redução da pobreza pessoal criando riqueza através do desenvolvimento do micro empreendorismo.

Você, como mobilizador, está numa posição chave para ter um efeito sobre os cinco grandes factores de pobreza. Ao orientar a sua mobilização e formação para a redução da pobreza, pode assegurar que a sua integridade, prejudicar aqueles que corrompem o sistema, e encorajar todos os seus participantes a combater os factores da pobreza no curso das acções que escolhem, enquanto guiados e formados por si.

Os cinco grandes Factores de Pobreza (como um problema social) incluem: ignorância, doença, apatia, desonestidade e dependência.

Estes, por seu turno, contribuem para factores secundários como a falta de mercados, fracas infraestruturas, fraca liderança, má governação, sub-emprego, falta de capacidades, falta de capital, e outros.

A solução para o problema social da pobreza é a solução social de remoção dos factores da pobreza.

––»«––

Sensibilização da comunidade; Saúde e higiene:


Sensibilização da comunidade; Saúde e higiene

© Direitos de autor 1967, 1987, 2007 Phil Bartle
Web Design: Lourdes Sada
––»«––
Última actualização: 28.11.2011

 Página inicial

  Empoderamento da comunidade