Página Inicial
 Voltar para o ponto central desse modulo
Sociologia
Anotações de Sala de Aula
Pesquisa Social
Pesquisa Comunitária
Ελληνικά English Español Italiano Română
.
................
MEDINDO A FORÇA OU A APTIDÃO
da Comunidade, Família ou Organização
por Phil Bartle
Traduzido por Maria Cristina Pereira de Souza

O caminho mais curto nem sempre é uma linha reta

Aqui nós queremos medir o fortalecimento, aptidão ou habilidade profissional, ou o poder de ação de uma comunidade, família ou organização, e para isso, utilizaremos as dezesseis variáveis que contribuem para este fortalecimento.  Os dezesseis elementos do fortalecimento, e suas descrições resumidas, estão relatados nos Dezesseis Elementos.

Quanto mais uma comunidade, ou uma organização qualquer, possuir cada um desses elementos, ela se tornará cada vez mais forte, com mais habilidades, e com um maior poder de ação. A comunidade é uma entidade social; não se torna mais forte pela adição de mais instalações. O fortalecimento comunitário, ou sua capacitação de desenvolvimento, envolve mudanças sociais –– desenvolvimento –– , que por sua vez, envolve todos os dezesseis elementos de força.

Dificuldades na Medição

Não é possível medir força, ou níveis de mudança ou incremento da força, precisamente, através de um questionário elaborado pelo pesquisador. Tais mudanças são melhor observadas e verificadas através de uma discussão liderada por um facilitador, questionando aos membros da comunidade qualquer mudança por eles observada. O monitoramento da construção de uma clinica é relativamente fácil; reporta-se, por exemplo, se a construção já está no estágio de completar sua fundação ou no levantamento das paredes. Em contraste, o monitoramento das mudanças relacionadas ao fortalecimento da comunidade implica executar medições sociológicas das mudanças das características sociais da comunidade.

Um técnico de laboratório pode medir a temperatura do paciente usando o termômetro, o que resulta em resultados muito distintos de quando o médico lhe pergunta “Como você se sente?”, e espera seu paciente responder. O paciente pode não conhecer bem como funciona um termômetro, mas tem que entender o que o médico lhe perguntou. Infelizmente, na Sociologia, os questionários são bem menos objetivos ou precisos comparados ao termômetro, pois a maioria dos respondentes, e muitos entrevistadores, não entendem a natureza ou o propósito das perguntas, ou o que está sendo medido, como também não há padrões de medições aceitos, internacionalmente, como existe no caso da temperatura corporal.

Portanto, membros da comunidade devem estar cientes do objetivo do fortalecimento e dos seus elementos envolvidos (assim como os objetivos imediatos da construção de uma nova instalação), os quais não devem mantidos apenas pelos pesquisadores. É importante que a comunidade participe, ativamente, na avaliação do seu próprio fortalecimento, bem como na conscientização dos elementos envolvidos no processo. Assim sendo, o facilitador deve explicar estes elementos à comunidade durante o processo de auto-avaliação medindo os possíveis incrementos no seu poder de ação, ou fortalecimento.

Medidas Participativas:

É importante que a própria comunidade faça parte do processo de medição do seu fortalecimento e na avaliação de qualquer incremento observado na sua força comunitária, ou poder de ação e decisão. Quando se constrói uma clínica, trata-se de um objetivo limitado ou finito e, é fácil ver quando a construção está completa e finalizada. Na medição da forca ou na aptidão de uma comunidade a meta é aberta no sentido de que não existe um limite definido na finalização do seu processo. A comunidade em si (ou seja, todos seus membros participando nas reuniões coletivas, e não apenas algumas facções ou indivíduos de muita influência) deve envolver-se e participar, ativamente, na avaliação de um possível incremento no seu fortalecimento, na identificação dos elementos mencionados e sua contribuição a este fortalecimento, e se o mesmo ainda se faz quisto pela comunidade. Os métodos para gerar as observações na comunidade, devem ser distintos entre a avaliação da construção de uma instalação versus a avaliação do fortalecimento da comunidade que a construiu.

Os mobilizadores responsáveis pelo envolvimento da comunidade nas atividades de auto-ajuda o fizeram empregando o tipo de abordagem de “facilitação e não de provisão”. Tal abordagem, criando o encontro de toda a comunidade nas reuniões de tomadas de decisões, parece ser o método mais funcional também na avaliação de incrementos de força, ou poder, da comunidade. A facilitação do monitoramento pode ser feita pelos mesmos mobilizadores, ou por outros que são familiarizados com a comunidade e seu histórico. O ideal é que a comunidade, como um todo, se reúna anualmente, sempre liderada pelo mesmo facilitador, o qual apresentará todos os elementos envolvidos no processo de fortalecimento, oferecendo explicações, caso seja necessário. Eles então discutirão os graus ou níveis de mudanças ocorridas dentro da comunidade desde a última reunião de avaliação ocorrida no ano anterior. Um relatório por escrito da discussão em pauta proporcionará informação que será interpretada como indicadores do grau do fortalecimento para a próxima discussão.

Na vida real, mudam-se os facilitadores, os membros das comunidades vão e vem, nem todo mundo na comunidade pode ir à reunião, participação absoluta é impossível, e cada mudança que acontece na comunidade influencia as percepções e os valores de seus membros. Também se espera que, nos estágios iniciais, por exemplo, os membros comunitários conscientes do seu estado de pobreza veem a aquisição dos recursos oferecidos por doadores fora da comunidade, como a única chance de aliviar a pobreza. Nos estágios mais avançados, uma vez os membros da comunidade ganham confiança pela participação, bem sucedida, nas atividades de auto-ajuda, eles não necessariamente querem já tanto as doações externas, mas conseguem apreciar o valor de sua participação nas tomadas de decisão, dentro da sua comunidade, e também na identificação e utilização dos recursos disponíveis locais.

As técnicas de mobilização começam com a organização da união comunitária, questionando os problemas identificados como sendo de prioridade, anotando as respostas no quadro sem permitir críticas, e uma vez um consenso seja alcançado, o facilitador estará, então, na posição de transformar o "problema" identificado, pelo "objetivo" da comunidade.

O Método:

Para iniciar uma avaliação comunitária do processo de fortalecimento, é necessário apontar um facilitador, um secretário para o registro de informações, e convocar uma reunião da comunidade. O facilitador pode começar usando procedimentos parecidos àqueles empregados na mobilização dos membros da comunidade.

Paralelamente, durante uma sessão de avaliação comunitária, o facilitador descreve os elementos do fortalecimento, acima mencionados, e depois disso, revisa cada elemento, utilizando um quadro negro ou panfletos pregados na parede, e pede aos membros da comunidade para que indiquem os graus das mudanças observadas, e, então, escreve suas respostas no quadro. Ele pergunta quais elementos apresentaram a maior mudança, e quais apresentaram a menor, e o porquê. Cada item discutido é anotado no quadro negro pelo facilitador, com o secretario anotando-os num caderno, incluindo qualquer detalhe que não fora registrado no quadro negro. As respostas são passadas para o quadro negro, indicando quais foram os elementos que mais ou que menos apresentaram algum tipo de mudança.

A meta do facilitador durante a avaliação é de chegar a um consenso entre os membros da comunidade. Se houve mais de uma reunião no passado, um objetivo adicional é o de verificar se a taxa de mudança de incrementos foi mais alta na fase anterior, como também na anterior a esta. Também se faz necessário certificar-se que todos os membros participantes conheçam cada elemento envolvido no processo de fortalecimento. Um relatório da reunião é preparado, tendo um rascunho já apresentado no mesmo dia. Tal relatório deverá ser revisado por ambos secretário e facilitador, e se há tempo suficiente o facilitador poderá mostrá-lo a alguns membros da comunidade para verificação.

O relatório deveria listar cada elemento, um por um, com os comentários feitos pelos membros da comunidade, cada qual em oposição ao outro. Você verá como é difícil medir o grau da mudança, porém haverá muitas interpretações diferentes em relação ao tipo de mudanças observadas pelos membros comunitários. Organiza-se, então, uma reunião comunitária (anual) parecida à reunião de mobilização. O facilitador emprega técnicas de explosão de idéias (brainstorming) adaptadas àquelas usadas no processo de facilitação. O secretário anota todas sugestões, em detalhes, no quadro negro.

Um consenso de grupo é requisitado após a explicação de cada elemento: (1) força ou poder atual; (2) mudança nos últimos doze meses; e (3) mudanças nos últimos quatro ou cinco anos.

Diferentes interpretações podem ser consideradas, contanto que o grupo chegue a um consenso. Convide as pessoas mais humildes e tímidas para manifestarem-se. Anote os pontos principais no quadro negro, enquanto o secretário se preocupa em anotar os detalhes.

Para facilitar o processo, você poderia usar o documento, formulário de medição do fortalecimento , onde os participantes primeiro respondem sobre as suas estimativas do fortalecimento comunitário, antes que você as combine na sessão de grupo. O formulário tem uma parte onde participantes capazes de ler e escrever poderão fazer anotações sobre os fatores contribuintes as estimativas de cada elemento, usando suas próprias palavras, podendo este ser lido atentamente após a sessão.

––»«––
Se você copia texto deste site, por favor, mantenha a autoria e deixe um link para o site www.cec.vcn.bc.ca
Este site é mantido pela Vancouver Community Network (VCN).

© Direitos de autor 1967, 1987, 2007 Phil Bartle
Web Design: Lourdes Sada
––»«––
Última actualização: 2012.07.13