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ESTUDO DO CASO AKAN

Grupos Matrilineares na África Ocidental

por Phil Bartle, PhD

traduzido por Inês Rato, Fatima Gouveia

Guia de Treinamento

Um exemplo da grande variedade de relações de parentesco

Ancião de Kwawu:

O Canadá tem imigrantes de diversas origens. Este é um dos diversos factores que contribui para uma enorme variedade de tipos e funções de família no Canadá. Podemos, portanto, observar tais variações nas famílias ao analisar a sociedade Akan da África Ocidental. Veja Imigração Canadiana (Gana)

A palavra "família" é derivada do latim famulus, que significa "escravo doméstico". Porém, não existe uma palavra equivalente na língua akan. A família não é uma instituição universal. Cientistas sociais assumiram em tempos que a família nuclear (dois adultos com filhos) era o elemento central ou o pilar de construção para os sistemas de parentesco. Mas o mesmo não acontece nas sociedades matrilineares. Na sociedade Akan, a família nuclear não é o pilar de construção, pois não existe a palavra, não existe a prática. No entanto, em akan existe duas palavras que estão relacionadas à família. A palavra "abusua" é um grupo de descendência corporativa, enquanto que a palavra "fifo" (literalmente pessoas de casa) significa grupo residencial. O povo akan no Canadá, que fala inglês, quando for fala sobre a "família" deles em seu país de origem, na verdade, querem dizer a "abusua".

O que é um grupo de descendência corporativa? É como uma empresa. A associação é pelo nascimento, não tem afinidades (pessoas com laços de parentesco pelo casamento). Numa sociedade matrilinear, isso quer dizer que todos pertencem ao mesmo grupo, pois suas mães também fazem parte dele. No entanto, o seu esposo ou pai não pode pertencer à mesma abusua que você.

Veja o Tutorial de Brian Scwimmer sobre parentesco e organização social.

O grupo tem cerca de 100 a 200 membros. Não é uma organização comunitária; dentro dele existe uma divisão entre trabalho e desigualdade. O grupo descendente pode possuir terra, oficinas, casas e crer em deuses.

Para ajudar a compreender a estrutura, assuma o ponto de vista pessoal. Seu pai ou esposo não pode pertencer ao grupo, mas o irmão da sua mãe já pode. O filho da filha da filha da filha da irmã da mãe da mãe da mãe da sua mãe pertence ao grupo. Os filhos da sua irmã pertencem.

Matrilinhagem

Matrilinhagem

Um estudante perguntou se a matrilinhagem akan era como os Povos das Primeiras Nações da costa oeste. Estes povos são bastante variados, com os tlingit e tsimshian no norte, os haida no oeste, os wakashan no sul e os salish na costa do sul. Existe uma gama de misturas de norte a sul, do matrilinear ao patrilinear. Tecnicamente, os akan têm parentes classificados como &“iroquois&” (tal como no sul de Ontário desde Montreal a Windsor). Veja uma lista dos Povos das Primeiras Nações da Colúmbia Britânica.

Matrilinhagem não é matriarcado. O sufixo "linhagem" refere-se à descendência, enquanto que o sufixo "arcado" significa poder. O sistema de parentesco dos akans é linear, e não confere automaticamente poder às mulheres. Em vez disso, usamos a palavra "ginocracia" significando que algum poder, riqueza e independência é atribuído às mulheres. Veja o meu ensaio," Ginocracia dissimulada". As mulheres tinham estatuto maior do que aquelas em sociedades ocidentais, patriarcais ou patrilineares. Na África Oriental, por exemplo, as mulheres são submissas e oprimidas em comparação com as que pertencem à sociedades Akans. O matriarcado poderia implicar que as mulheres são automaticamente as líderes, porém isso não se encontra em nenhuma sociedade conhecida e estudada.

Dissimulado significa escondido. Na sociedade Akan o poder mais elevado, riqueza e independência das mulheres não é tão evidente. Reconhecimento formal (prestígio) do cargo não é comum, excepto para algumas mulheres chefe, idosas ou sacerdotisas; as mulheres consideram útil manter o seu poder oculto.

Na corte do chefe, onde talvez nove em dez dos anciãos são homens, podem encontrar uma fase difícil no seu caso, solução de conflitos ou deliberação. Nessa altura fazem uma pausa e cada um irá regressar à sua casa matrilinear (onde se mantêm os assentos ancestrais) para "conferenciar com os antepassados."  Resulta então que estão a conferenciar com as mulheres mais velhas da matrilinhagem.

Os akans matrilineares espalharam-se e expandiram-se, e apoderaram-se de áreas anteriormente pertencentes à guans patrilineares. A matrilinhagem, baseada em confederações, é a base para uma organização mais eficiente para a guerra do que a patrilinhagem onde grupos de descendência corporativa não tinham mecanismo para a confederação que eram estruturadas como no exército, com uma linhagem designada para cada uma de quatro posições de destacamento, vanguarda, esquerda, direita e retaguarda, mais assuntos internos e superiores. Como uma equipa de futebol americano ou hóquei, cada um tem um papel diferente, mas complementar tornando-os mais fortes como um todo.

Uma taxa elevada de divórcio é funcional em todas as sociedades matrilineares. Quando os membros não dirigem toda a sua atenção e esforço para os seus esposos, isto apóia a força da abusua. Maridos e mulheres viveriam juntos temporariamente, tal como quando estavam na agricultura em aldeias satélite, ou nas cidades ou vilas para emprego ou comércio. As mulheres tinham poder, riqueza e independência (particularmente dos pais e maridos), de tal modo que não dependiam de ficar na família nuclear para segurança financeira.  Freqüentemente os membros da terra natal regressariam a casa, especialmente para funerais e a Páscoa. O padrão comum era o marido e a mulher ficarem nas suas casas ancestrais, matrilineares, separados durante a visita, mesmo quando viviam juntos se encontravam longe da residência. Esse tipo de comportamento era observado e notado na literatura, crianças indo da casa da mãe para do pai todos os finais de tarde carregando a ceia em cima da cabeça.

Quando um homem tinha duas ou mais mulheres, cada uma ficaria nas suas casas de linhagem separadas (um homem não podia se casar com duas mulheres da mesma linhagem, excepto irmãs gémeas que se tornavam mulheres de chefes). Então ele informaria qual mulher iria passar a noite com ele daquela vez. Embora permitida, a poliginia era e é rara, porque a maioria dos homens não consegue sustentar mais do que uma esposa. Se uma esposa morresse, era responsabilidade de sua matrilinhagem fornecer uma substituta. A relação matrimonial era o símbolo da confederação da estrutura matrilinear Oman. Cada matrilinhagem era considerada como a linhagem da mulher do chefe. Quando um chefe morria, um novo era eleito pela linhagem e herdava todos os bens e obrigações, incluindo todas as mulheres. Para muitos deles, isto não envolvia deveres conjugais, mas era uma forma de segurança para a velhice. Na vila de Obo, onde fiz a pesquisa para o meu doutoramento, o chefe tinha mais de trinta mulheres estruturais, mas na prática vivia apenas com uma mulher, a mulher com quem tinha casado antes de ter sido escolhido para ser chefe.

Os missionários suíços chegaram à Costa Dourada em meados do séc. XIX e introduziram muito mais do que a teologia e o ritual do Cristianismo. Eles procuraram nada menos que a transformação completa da sociedade Akan num sistema igual ao de suas origens suíças.

O seu apoio ao ideal da família nuclear implicava que as mulheres deveriam obedecer aos seus maridos, ficar em casa para fazer tarefas domésticas e criar suas crianças enquanto os maridos saíam para trabalhar, assim como abolir a chefia, as matrilinhagens, os anciãos, os deuses e outras tipos de pensamentos antigos.

A estrutura social cristã, onde era adoptada, contribuía para o declínio do estatuto da mulher.

Marido e mulher morando juntos na mesma residência, residência neolocal, não é um elemento fulcral (pilares de construção), nem estrutura social dos akans. Pode acontecer, e está correlacionado com o facto do casal estar na sua terra natal ou fora desta. O sistema desenvolveu-se num passado distante, quando estar fora significava viver nas aldeias satélite, dedicando-se à agricultura. Quando o casal regressava à terra natal, cada um ia para a sua casa de linhagem. Porém, devido a urbanização e a ida dos akans à procura de emprego na cidade, vilas rurais, ou em outros países, este padrão foi adaptado. Maridos e mulheres vivem neolocalmente enquanto fora, mas é mais provável vivere duolocalmente quando na sua terra natal, seja temporariamente para funerais, festivais e Páscoa, e depois permanentemente para a reforma, especialmente se um deles conseguir uma moraria.

Este padrão de residência duolocal tanto na terra natal ou quando estão fora produz um padrão doméstico que tem sido interpretado como uma mudança social, o que é mais aparente do que real, funcionando como se os lares urbanos representassem o padrão ocidentalizado.

O verbo "casar-se" é usado de modo diferente na língua akan. A relação pode ser temporariamente descontinuada se existir conflito entre os cônjuges, e o verbo reflecte isso.

Mulheres idosas têm um grande poder no governo de assuntos da abusua (linhagem).  Muito do qual não é público, mas oculto. Idosos (9/10 homens) na corte do chefe podem fazer uma pausa durante um caso para consultar os antepassados. Cada um vai para as suas casas de linhagem, talvez para tomar uma refeição. E, então, consultam as mulheres mais velhas na casa de abusua (matrilinhagem). Os factos são conhecidos dessas mulheres mais velhas, que mantêm-se a par das linhas de descendência, e influenciam a decisão feita na corte do chefe ao aconselhar os anciãos durante essa pausa.

Há uma freqüência elevada de separação e divórcio especialmente após os anos de procriação e educação dos filhos.  Isto é visto como um elemento necessário na manutenção da abusua (linhagem). Uma taxa elevada de divórcio é comum entre a maioria das sociedades matrilineares em todo o mundo.

Imigrantes no Canadá têm características de duas culturas, fazendo com que isso tenha um significado importante aos emigrantes akans no Canadá. Tal como com a maioria dos imigrantes, o povo Akan no Canadá retém suas ligações às origens, especialmente à sua abusua. Uma vez que a residência neolocal é uma parte da sua estrutura social matrilinear de origem, eles parecem ter sido assimilados e adoptado o modelo dominante de residência neolocal canadiana.

À medida que um número crescente de imigrantes vem para o Canadá de sociedades com diferentes estruturas e funções daquelas dominantes no Canadá, nossa sociedade está a tornar-se cada vez mais heterogénea. Para os estudantes que agora contemplam suas carreiras profissionais, para as quais estão agora a estudar criminologia, acção social, educação para a primeira infância e qualquer outra que onde seus estudos exijam intervenções ou comunicação com povos de diversas culturas, pode ser útil observar o sistema Akan para se ter uma idéia de como um padrão familiar pode ser diferente, embora por vezes parecendo mais similar do que é.

Consulte os meus ensaios mais técnicos: Ginocracria dissimulada e Três almas.

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Última actualización: 2013.08.12

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