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Casamento entre primos cruzadospor Phil Bartle, PhDtraduzido por Eduardo FélixNa sociedade Akan, um grupo de descendência de linha maternal, abusua, é exogamo. Isto significa que os membros têm de se casar fora do grupo. O que, por sua vez, significa que um marido e mulher devem pertencer a diferentes grupos de descendência. Um pai pertence a um grupo de descendência diferente do dos seus filhos. Nesta perspectiva, um primo cruzado, filho do irmão da mãe, ou filho da irmã do pai, é elegível para casamento. Em muitos grupos de descendência monolineares, estes primos são muitas vezes a primeira escolha para esposas. Um primo cruzado é o filho do irmão de um progenitor do sexo oposto. Um primo cruzado é diferente de um primo paralelo, que é tido como um irmão ou irmã, por exemplo um filho de uma irmã da mãe ou filho de um irmão do pai. O casamento com um primo paralelo seria visto como incestuoso. Numa sociedade matrilinear, existem dois tipos de casamento entre primos cruzados. Com o passar do tempo, casamentos combinados tornam-se menos frequentes, e os casamentos entre primos cruzados deixa de ser o tipo preferido de casamento. Os dois tipos de casamento entre primos cruzados são: (1) Assimétricos e (2) Recíprocos. A forma mais fácil de os descrever é com o auxílio de diagramas. Neste, um círculo representa uma mulher, um triângulo representa um homem, um sinal de igual representa casamento ou relação conjugal, linhas verticais representam descendência e linhas horizontais representam relações de irmandade. O casamento assimétrico entre primos cruzados, se repetido através das gerações, necessita de um acordo entre as duas matrilinhagens. Trata-se de um padrão intimamente relacionado à confederação Akan para formar cidades ou esatdos, ou divisões importantes entre estados. A linhagem, no diagrama em cima e à direita, providencia a esposa em todos os casos, segundo este acordo. A outra linhagem, no diagrama em cima e à esquerda, ocupa-se de providenciar o marido. Diz-se que a linhagem do chefe tem laços de casamento com todas as outras da confederação. Quando estudei Obo, o Chefe de Obo tinha 32 mulheres. Na prática, tinha relações conjugais com apenas a mulher com que se casou antes de se tornar chefe. As esposas, na sua maioria idosas, que compõem o seu grupo de mulheres actuais, levam o acordo como uma forma de segurança na velhice. O acordo implica que se uma mulher morrer, a linhagem deve indicar uma substituta para se tornar mulher do chefe. No diagrama apresentado, as pessoas representadas a laranja fazem parte da linhagem A, a do chefe, enquanto que as de azul fazem parte da linhagem B, a que é membra da confederação. O segundo tipo de casamento entre primos cruzados é recíproco. Novamente, trata-se de uma relação entre duas linhagens, mas desta vez, em alternância de gerações, fornecendo cada linhagem primeiro um marido depois uma esposa. O padrão recíproco possui duas funções, uma económica e outra política. Quando um homem consegue riqueza na sua vida, interessa-se por sustentar os seus filhos. Na morte, porém, existem três coisas que seguem a linhagem das mães: herança, sucessão e descendência. Se ele investir no seu filho, criando capital para uma empresa ou cultura de cacau, essa riqueza irá para a linhagem do filho. Se o filho casar com a filha da sua irmã, todavia, voltará para a sua própria linhagem. Este é o aspecto económico. A terminologia de parentesco fornece algum significado a este esquema. O filho usaria a palavra para "progenitor feminino" para se referir à irmão do seu pai (siwa ou agyewa). A mesma palavra é ligeiramente modificada para significar "sogra". No diagrama anterior, as pessoas representadas a azul estariam na linhagem B e as representadas a rosa na linhagem C. O aspecto político remete para a patrilinhagem espiritual, herdada da cultura e sociedade Guan que ocupava as terras antes de os Akan o fazerem. Quando um importante ancião ou chefe morre, a sua linhagem deve, evidentemente, escolher um sucessor dentro do seu próprio grupo de descendência matrilinear. Menos conhecido é que tentam encontrar um sucessor que possua o mesmo espírito patrilinear. O chefe de Obo, por exemplo, é, mais provavelmente, escolhedio para tal se possuir o "Amu", espírito patrilinear inerente ao deus Tano, deus do tamborete de Obo. Sabendo que esse pedaço de informação é importante para os outros chefes, anciãos e sacerdotes, que demonstram o seu conhecimento quando o chefe diz "Bom-dia" ou "boa-tarde" e essa pessoa responde "Yaa amu," demonstrando que sabe se o chefe de Obo possui o espírito patrilinear Amu. Com o passar do tempo e mudanças nas sociedades, a urbanização, ocidentalização e a modernização da sociedade Kwawu significam que cada vez mais pessoas escolhem esposas fora da sua cidade-natal e fora de Kwawu, e cada vez menos pessoas aderem aos desejos dos seus anciãos, pelo que o casamento entre primos cruzados está a cair em desuso. Em virtude da lei do Gana, que reconhece os costumes tradicionais da terra, em que o grupo de descendência matrilinear possui terrenos em nome colectivo, as instituições e tradições que acompanham esta descendência, como o casamento entre primos, ainda perduram. Nota: ──»«──Se você copiar algum texto deste site, |
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