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A ÁGUA COMO INVESTIMENTO DA COMUNIDADE

Água potável e redução da pobreza

por Phil Bartle, PhD

traducido por Fabiola Oliveira


Dedicado a Andrew Livingstone


Folheto de treinamento

Ao contrário do que se assume, a água não é grátis.

Introdução

O documento "Princípios para a geração de rendimentos" aponta para três possibilidades do que se pode fazer com algo (bens ou serviços) de valor (por exemplo, riqueza). É possível: (1) consumí-lo, (2) salvá-lo (armazená-lo) ou (3) investí-lo.

A riqueza constitui toda e qualquer coisa que possa ser útil (proveitosa), sendo relativamente escassa. Ela não é como o dinheiro, o qual pode ser armazenado, trocado ou mesmo servir como forma de medir a própria riqueza. A riqueza possui mais valor quanto mais escassa e/ou mais útil for. Essas definições podem parecer um pouco acadêmicas demais ou até mesmo pedantes, mas elas são essenciais para a compreensão de como se deve lutar contra a pobreza e fortalecer as comunidades.

Você, como agente mobilizador, tem a tarefa de unir a comunidade e fazer com que a mesma identifique seus problemas prioritários. De posse dessas prioridades, você deverá buscar soluções para as mesmas, desenvolver e colocar em prática um plano de ação, além de monitorar as ações, de maneira que a comunidade se torne mais fortalecida (empoderada). Veja Mobilização. Como a cada dia que passa a água se torna mais e mais escassa em populações crescentes, muitas comunidades, tanto rurais, quanto urbanas, passaram a eleger a água potável (boa para beber) como sua prioridade.

Mas então qual seria o papel da água no empoderamento das comunidades e na redução da pobreza?

Investimento ou bem de consumo?

Quando nós seguramos um copo de água em nossas mãos e a deixamos deslizar por nossas gargantas, nós estamos claramente consumindo a água. Esta imagem que temos pode, ao invés de clarificar a nossa visão da água como um investimento social, torná-la turva (não importando o quão transparente seja a água).

Isso porque, infelizmente, a água é vista como um bem de consumo pelos jornalistas, políticos e também por muitas instituições que fazem doações. A construção (ou reabilitação) de um sistema de abastecimento de água, contudo, não é consumo, mas sim um investimento. Este é um importante conceito para você, agente mobilizador, ter em mente; principalmente, quando for criar suas estratégias.

Os recursos, os quais você pode orientar a sua comunidade a obter, podem ser incrementados ao se trocar essa falsa percepção pela idéia de que um sistema de abastecimento de água é um investimento verdadeiro, não somente algo que se consume.

O papel da água potável na redução de doenças (Veja: Água e TBS), é um aspecto que considera o abastecimento de água como um investimento. Por meio da diminuição de doenças, reduz-se a pobreza. Note, contudo, que para que o abastecimento seja visto como investimento, também são necessários: (1) mudança no comportamento das pessoas para impedir os ciclos de doenças, os quais se originam na água (2) entendimento público de como e do porquê desta mudança no comportamento ser essencial para a redução das doenças.

Consequentemente, essa mudança no comportamento implica também a necessidade de prestação de serviços sanitários. A água é uma condição necessária, mas não é por si só suficiente para reduzir as doenças e, portanto, a pobreza.

Um outro aspecto da água como um investimento social (sem se referir à medicina), seria o tempo e a energia como um todo, usados pela comunidade para captar água não-contaminada. Distância é um fator importante aqui.

Se as pessoas bebem água captada de poças e de cursos de água contaminados, tem-se então um problema sanitário, o qual possibilita a perpertuação da pobreza e das doenças. Quando as pessoas compreendem a natureza das doenças que surgem a partir da água e também a dos parasitas fecais, elas passam a evitar poças e cursos contaminados. Porém, se há estação seca e por exemplo, não existe fontes de qualquer tipo de água ao redor, tem-se agora um problema de distância para a obtenção de água.

Em muitas partes rurais da África e do mundo, é necessário caminhar dez kilômetros ou mais para se obter água. Por questão de costume e de tradição, esta é uma tarefa geralmente realizada por mulheres e crianças. Essas pessoas, para obterem alguns poucos litros de água, caminham cerca de quatro a cinco horas por dia. Essas horas se tornam, portanto, indisponíveis para outras atividades produtivas em casa, no campo ou na comunidade. Desta forma, diminuem-se os recursos disponíveis para o trabalho, o que também contribui para a pobreza.

Por meio da construção de um novo sistema de abastecimento de água, ou pela reabilitação de um já existente, as horas e energia humana necessárias para se obter água seriam drasticamente reduzidas. Investimento significa desviar bens de consumo imediato, para aumentar suas riquezas no futuro. A construção ou reabilitação de um sistema de abastecimento de água requer recursos, mas tem como resultado, muitos recursos de grande valor. É um investimento!

O abastecimento real de água (para o consumo) representa somente uma pequena parte da redução da pobreza. A liberação de recursos utilizados para captar água e a diminuição de doenças (em relação a outros fatores), são os dois principais aspectos para que um sistema de abastecimento seja um fator decisivo para a redução da pobreza e empoderamento da comunidade.

O seu trabalho como um agente mobilizador é, portanto, encontrar meios para fazer com que as pessoas não interpretem a água somente como um bem de consumo, mas que as mesmas considerem o sistema de abastecimento como um importante e valoroso investimento. O incremento da riqueza, a partir da posse de uma fonte de água, possui um impacto mínimo na redução da pobreza.

A grande quantidade de valores (tempo do homen e energia) liberados para se reduzir a distância até uma fonte de água, é o valor mais importante do investimento e uma grande contribuição para a guerra contra a pobreza. Você, como um agente mobilizador, deve não somente pressionar as autoridades políticas, instituições que fazem doações e jornalistas; mas também, estimular e guiar a comunidade para que a mesma também exerça esse tipo de influência.

Você fortalece a comunidade ao estimulá-la para esse tipo de trabalho e a enfraquece, quando você faz todo o trabalho para seus membros. Promova esta campanha (defesa, influência) da mesma forma como você faria com qualquer ação ou projeto comunitário. Se os membros da comunidade passam a ver o sistema de abastecimento de água como sua meta prioritária, mas não possuem recursos disponíveis para implantá-lo (reabilitá-lo), não os deixe desistir. Estimule-os e os guie nessa campanha de defesa e de pressão, de modo que os mesmos possam se fortalecer durante o processo, ao contribuírem com seu tempo e energia.

Se você fizer as pressões por eles, contribuirá para o aumento da dependência dessas pessoas.

A água não é grátis:

No passado, quando o mundo era mais limpo e livre da poluição urbana e da causado por indústrias e, as populações eram menores e mais dispersas, obtínha-se água sem a necessidade de troca de dinheiro. Era possível captá-la de rios, lagos, poças e chuva.

Pensava-se que a água era grátis, pois ainda não havia o dinheiro. E sem se dar conta disso, percorria-se longas distâncias para obtê-la. (Lembre-se de que a verdadeira riqueza nem sempre é o dinheiro; os bens possuem maior valor quando são úteis e escassos, mesmo quando o dinheiro não está envolvido).

A água é valiosa.

A suposição mais comum, porém incorreta até mesmo no passado, era a de que a água seria grátis. Ela não é.

A água não pode ser levada até a comunidade sem custos. Se alguém o fizer, a comunidade se tornará enfraquecida, pois passará a ter uma maior dependência.

Se a comunidade decide implantar o sistema de abastecimento, então alguns recursos da mesma devem contribuir para a ação. Você, como agente mobilizador, não deve educar os membros da comunidade. Mas sim, estimulá-los a educarem a si próprios.

A maneira como você poderá proceder está explicada nos Módulos de Treinamento. Veja: Mobilização. Trate a campanha de conscientização como uma ação comunitária. Motive e guie a comunidade para que ela atue seriamente em relação a esta campanha, como atuaria se a prioridade fosse, por exemplo, a construção de uma escola ou hospital.

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Última actualização: 12.12.2011

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