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E AS EMPRESAS?Como pessoas juridicas, são criminalmente insanas?por Phil Bartle, PhDtraduzido por Inês Rato, Fatima GouveiaGuia de TreinamentoEmpresas tem uma única éticaA revelação de que existiam graves crimes a serem cometidos por empresas de grandes dimensões como a Enron não é onde está o problema. O maior perigo para a sociedade e para o futuro da humanidade está onde as empresas fazem exactamente aquilo a que estão destinadas a fazer, mantendo-se dentro da lei, e fazendo bem o seu trabalho. Vejamos o que é suposto as empresas fazerem: Então a questão é, "Será que os executivos empresariais, desde que se mantenham dentro da lei, têm responsabilidades entre as suas actividades empresariais para além de fazer o máximo de dinheiro possível para os seus accionistas?". E a minha resposta para isso é que não, não têm. Milton Friedman (1912-) economista vencedor do Prémio Nobel, conselheiro económico para o Presidente Ronald Reagan, "guru máximo do sistema do mercado livre." As empresas comerciais têm uma única ética: fazer lucro. Historicamente, as nossas instituições humanas tinham múltiplas éticas. Embora diferissem, e podemos discordar com algumas delas, tinham geralmente a responsabilidade de sustentar a comunidade e a sociedade, promover o bem estar físico e a convivência da população, e apoiar na generalidade actividades com o interesse público em mente. As empresas não têm quaisquer destes requisitos morais. Se uma empresa faz lucro às custas do seu ambiente físico, então tudo bem. Se os recursos naturais são destruídos piorando a qualidade de vida dos nossos netos, então tudo bem. Se as pessoas em locais longínquos são exploradas e as taxas de morbilidade e mortalidade aumentam para que a empresa faça lucro, então tudo bem. Lucro como alvo ou objectivo é baseado numa única motivação, a ganância. Uma vez que as empresas são normalmente possuídas pelos accionistas, que não observam a gestão diária da organização, então pode não haver qualquer consciência na organização. Os gestores são remunerados (avanço profissional, salários e ofertas de bónus) apenas se aumentarem o lucro, não se forem bons cidadãos empresariais. O desenvolvimento do comércio livre, e de uma economia global em desenvolvimento, é por si mesmo, algo útil e valioso para a sociedade. Significa que bens e serviços são produzidos do modo mais eficiente possível. Infelizmente, porém, o trabalho não é tão móvel como o capital, porque os trabalhadores têm famílias e raízes nas suas comunidades, e não podem deslocar-se facilmente para novas localizações. Ainda mais, as empresas tiram partido do comércio internacional para subvalorizar ou sobrevalorizar os seus próprios produtos quando os transferem entre as suas fábricas em diversos países, evitando impostos e falsificando os verdadeiros níveis de produção em cada local. Os lucros podem ser injustamente aumentados onde existir falta de transparência. Isto não só dá uma vantagem injusta face às empresas locais, e reduz a quantidade de receita fiscal para os governos, como também destrói o objectivo do comércio livre ao aumentar os custos para os consumidores finais. E então o apelo aos governos, de diversos níveis para terem um perfil "mais empresarial?" É verdade que poderia haver mais melhorias a nível da eficiência de diversos governos. A eficiência é o rácio entre os custos dos inputs divididos pelo valor do output. Também podemos obter maior produtividade para o investimento ao aumentar a eficiência. Infelizmente, esta observação é deturpada por ser interpretada de forma a que os governos sejam geridos como organizações empresariais, como se fosse da responsabilidade do governo gerar lucro. Não é. Um governo tem a responsabilidade de fornecer bem estar para cada membro da sua população, não apenas para as empresas ou accionistas. As empresas têm um interesse intrínseco em diminuir impostos, que irá aumentar os seus lucros, para detrimento de orçamentos para serviços sociais como educação, saúde e apoio aos necessitados. Se uma empresa faz um donativo para um partido político com um programa para a redução de impostos e serviços sociais, então existe um conflito de interesses. O caso da Enron ilustra também como a nossa sociedade, ou aquela da mais sofisticada e rica do mundo, os EUA, não tem mecanismos para guardiões ou policiar as actividades das empresas, e apenas por uma questão de sorte existe alguém por dento, ou um colaborador, que reporta uma actividade criminal e está disposto a sacrificar a sua carreira e reputação a fazer a acusação (denunciando o crime) trará a empresa para o banco do réu. Denunciadores são raramente protegidos, e sofrem danos por terem feito a denúncia. Então quais são os indícios para as tendências futuras do ritmo acelerado do crescimento empresarial no mundo de hoje? Actualmente, mais de uma centena de empresas multinacionais têm orçamentos anuais que são maiores que a soma dos rendimentos nacionais de mais de uma centena de nações. Elas são uma nova força política pós-nacional no mundo de hoje, e são uma força que se tem de levar a sério. Nós, como cientistas sociais, não devemos fazer julgamentos de valor. Não vemos as empresas como más, mas como organizações sociais com estruturas e processos específicos. Temos, no entanto, uma responsabilidade em chamar a atenção para o facto das nossas instituições sociais estarem a produzir resultados não esperados e que estão para além dos objectivos da sociedade. Este é um caso clássico. ──»«──Se você copia texto deste site, por favor, mantenha a autoria e deixe um link para o site www.cec.vcn.bc.caEste site é mantido pela Vancouver Community Network (VCN).© Derechos de autor 1967, 1987, 2007 Phil Bartle
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