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CONSIDERE A BOMBA D'ÁGUAAuxiliando comunidades a trabalharem para si própriaspor Phil Bartle, PhDtraducido por Luis Claudio Correia dos AnjosDedicado a Andrew LivingstoneFolheto de treinamentoPorque não desenhar uma bomba que utiliza apenas peças soltas e disponíveis?Introdução Este não é um documento de engenharia, mas é sobre uma parte da tecnologia de engenharia, uma simples bomba para obter água de poços rasos. Veja Referências da Internet. Assim como os outros documentos de treinamento deste site, este também é baseado no princípio de que as comunidades podem ser melhor fortalecidas (empoderadas) ao realizar trabalhos para si própria em vez de esperar por caridade externa. Os aspectos técnicos ou de engenharia foram concebidos como uma ilustração deste princípio. A bomba de corda, agora popular na América Central, tem diversas vantagens e desvantagens. A discussão aqui está focada em como eles podem ilustrar a abordagem do empoderamento para comunidades de baixo renda. Mesmo direcionado ao mobilizador da comunidade, engenheiros e técnicos também podem achá-lo muito interessante. Bomba de corda: A Bomba de Corda é muito simples. Consiste em uma volta contínua de corda. É enrolado em uma roda de bicicleta acima do poço. Veja o diagrama. Ele fica pendurado, solto dentro do poço, e então é trazido de volta à superfície através da parte interna de um tubo de plástico. Na corda são coladas válvulas feitas de tubos menores usados (ou qualquer material flexível disponível, como sapato de couro usado), a cada 20 a 30 cm. A roda da bicicleta pode ser acionada manualmente de modo que a corda baixe ao poço e volte a subir pelo tudo. Com um soldador e uma serra de metais se pode modificar um quadro de bicicleta para segurar a roda e fazer uma manivela com os pedais. Quando a corda sobe pelo interior do tubo, os pistões puxam a água do fundo do poço até a superfície. Na parte superior do tubo se coloca uma conexão para coletar a água que os pistões fazem subir pelo tubo e enviá-la a um recipiente, enquanto a corda segue dando voltas. Simples. Todos os componentes da Bomba de Corda são facilmente encontrados em qualquer cidade de porte médio: corda, tubos internos usados, quadro e roda usados de bicicleta e tubo plástico. E são muito baratos. A Bomba de Corda existe há muitos anos, talvez décadas, mas nos últimos anos se tornou muito popular e utilizada na Nicarágua. Tecnologia da água não é ciência espacial: Por mais de meio século, projetos de ajuda vindos da Europa e da América do Norte, ou através de agências multilaterais, vêm dando assistência no sentido de levar água potável às comunidades rurais da África, Ásia, América do Sul e onde quer quer haja países de baixa renda. Durante todo este tempo, a tecnologia ocidental levou o homem à lua, desenvolveu a internet e o celular e revelou os segredos do DNA humano e das partículas submoleculares. Mas ainda não havia descoberto uma forma de prover água a comunidades rurais carentes que durasse mais que a ajuda externa, por alguns meses ou um ano, no máximo. A tecnologia da bomba de corda foi desenvolvida para o uso familiar na Europa e na América do Norte, e não parece ser confiável para ser utilizada em uma comunidade de 500 moradores ou mais. Independentemente dos avanços técnicos feitos, ou de quanto treinamento foi realizado. Esta tecnologia falhou porque seus inventores e desenvolvedores esqueceram-se de algumas coisas sobre os valores, comportamento e organização das pessoas que precisam de água. Ou será porque os fabricantes têm mais lucro na venda das partes isoladamente do que construindo bombas que durarão mais tempo? Uma vez definido o tipo de bomba de mão pelas autoridades, economicamente faz sentido que todas as bombas de mão instaladas numa mesma região sejam iguais, para que se possa garantir que as peças de reposição sejam as mesmas. Assim, o fabricante obtém um mercado cativo para as peças de reposição. O problema das peças de reposição: Fazer com que as peças de reposição estejam disponíveis e sejam baratas para a comunidade rural não é fácil. As reposições mais baratas e menores (com alta rotatividade) são menos problemáticas, porque os negociantes locais poderiam fazer estoques delas. Empresas privadas podem solucionar o problema. Peças maiores e de menor saída não são muito populares entre os comerciantes, pois o seu estoque é caro e são de difícil venda. O mercado é muito restrito. As tentativas são no sentido de se obter apoio governamental para subsidiar as peças de reposição ou pelo menos garantir estoque gratuito. A questão, então, é quantas bombas de mão (do mesmo tipo) devem ser construídas numa mesma região para que o mercado de peças de reposição se mova com mais rapidez a ponto de se tornar um negócio sutentável para as empresas. Qual seria este número mínimo? Quanto maior o mercado, mais viável a venda das peças de reposição. Os economistas sugerem que a forma de garantir o suprimento de peças de reposição é torná-las úteis para outros usos. Alguns esforços estão sendo feitos para se desenhar algumas bombas de mão que possam usar peças de reposição disponíveis em outros mercados. Um mercado maior é mais viável e sustentável. A Bomba de Corda, é claro, tem várias de suas peças, na verdade todo o aparelho, disponíveis em vários outros mercados espalhados por diversas áreas de nosso interesse (países pobres). Alguns deles, como bicicletas quebradas e tiras de borracha, por exemplo, podem ser achados até mesmo em depósitos de lixo. Encontrá-los poderia ser um bom negócio para reciclagem. Interesses pessoais: Muitas pessoas com poder, autoridade e conhecimento tem interesses pessoais em manter esta situação como está agora. A tecnologia de bomba de mão é lucrativa para fábricas da Europa e da Índia, ou de países onde tenham filiais. Enquanto a matéria prima para bomba de mão é relativamente comum, transformá-los em uma bomba de mão adiciona muito valor agregado ao produto e proporciona ótimos lucros na sua venda. A possibilidade de se viabilizar a produção de bombas com materiais locais pelos artesãos, que já fazem outras coisas com estes materiais, gera medo nos corações e bolsos dos fabricantes de bomba e seus campeões. As pessoas que querem manter as coisas como estão irão contratar ou subsidiar experts e escritores que tentarão encontrar defeitos nas alternativas locais, como a bomba de cordas, e promoverão os seus próprios desenhos de bombas de mão. Eles também darão presentes e incentivos a autoridades governamentais para criarem regras que favoreçam o uso de bombas de mão (como as suas próprias) em detrimento das alternativas criadas localmente. Manter as coisas como estão perpetuará a pobreza e a dependência. Ah, sim! Corrupção: No módulo de treinamento sobre redução de pobreza, um dos cinco maiores fatores para a pobreza é a desonestidade. Se um trabalhador civil desvia investimentos ou verbas de desenvolvimento do seu objetivo inicial para o seu bolso está sendo desonesto. É um fator que contribui para a manutenção da pobreza. E tem um efeito multiplicador. O dinheiro direcionado a desenvolvimento é verba de investimento; ele contribuiria para um aumento futuro da renda real. Quando é desviado por uma trabalhador civil para seu uso pessoal (roubado), é também convertido de investimento para consumo. O que significa, por exemplo, que cem unidades de moeda direcionadas ao desenvolvimento valeriam seis ou sete centenas de unidades que contribuiriam para o aumento futuro do bem-estar da comunidade. E que seis ou oito centenas de unidades de moeda são roubadas da comunidade enquanto oficiais corruptos conseguem apenas cem unidades para uso pessoal (e que ele pode colocar em circulação na economia local). Até mesmo esta centena de unidades poderá sair da economia local se for transferido para contas bancárias no exterior ─ como na Suíça. Nos setores de água e saneamento, o uso de poços e bombas de mão oferece várias oportunidades para este tipo de desvio. Quando uma empresa é contratada para cavar o poço ou instalar a bomba de mão, ela irá cobrar muito para realizar o trabalho de instalação. Se o lugarejo é distante, os habitantes analfabetos têm normalmente mais medo das autoridades (são menos prováveis de reclamar) e, se nenhum trabalho de monitoria for realizado, as empresas podem poupar muito dinheiro (pelo trabalho e pelos equipamentos não instalados), mesmo reportando que foram feitos os serviços. A empresa daria então uma parte destes recursos poupados para os oficiais de governo não reportarem o crime. Quando o poço é cavado por máquinas, e a bomba de mão é importada ou fabricada em outra cidade, é ainda mais fácil desviar os fundos. Algumas pessoas defendem estes desvios por trabalhadores civis, dizendo que seus salários são muito baixos. Como pode isto justificar uma atividade criminosa? Se o habitante roubar meros dez dólares em mercadorias, talvez fosse espancado até a morte. Se o salário de trabalhadores civis é muito baixo, eles deveriam ser aumentados até o valor de mercado, excetuando-se gastos extras como segurança, subsídio a moradia, etc. A sua posição de privilégio no governo não deveria ser um motivo de se deixar de lado qualquer crime cometido por eles, especialmente roubos de grandes quantias de recursos de pessoas mais carentes. Baixos salários nunca deveriam ser usados para explicar roubo e desonestidade. Estes são crimes. Eles acontecem mais onde existem menos transparência dos gastos governamentais. Assim, autoridades do governo e homens de negócio têm ainda mais motivos para encontrar defeitos no uso de tecnologias alternativas e se opor ao seu uso. Desvantagens: Como a maioria das coisas na vida, a bomba de corda também não é feita só de alegria. Existem algumas desvantagens. Estas incluem limitações de profundidade e possibilidade de contaminação na água. Enquanto a bomba de corda é eficiente para poços rasos, é menos eficiente para poços profundos. Infelizmente, não é fácil prever a profundidade em que uma bomba de corda poderá funcionar. Esta incerteza vem do uso de materiais locais, despadronizados. Tanto o diâmetro quanto a grossura das válvulas, por exemplo, afetam o grau de profundidade que o poço pode ter (no qual se colocará a Bomba de Corda). Devido ao fato que tubos internos e couro podem ter diversas espessuras, e porque as válvulas são cortadas à mão por artesãos locais, eles não são uniformes. Se a válvula é muito fina e flexível, ele pode se virar e perder parte da água que está tentando trazer à tona. Se o poço for muito profundo, o peso da água sobre a válvula de baixo pode ser tão grande que se escape antes de chegar à superfície do poço. Igualmente, ele pode também não ser tão flexível, e pode não ter sido cortado precisamente no mesmo diâmetro do tubo de dentro e, de novo, mais água pode vazar para a válvula de baixo. Este problema também aumenta com a profundidade do poço. Por outro lado, se a vávula está cortada muito rente ao diâmetro do tubo, a água subirá mais facilmente, mas a fricção dificultará a rotação da roda que faz a corda girar. Em algum momento, será muito difícil girar a roda manualmente. Este problema também aumenta com a profundidade do poço. Como estas são variáveis imprevisíveis, ainda não é possível dizer qual é a profundidade máxima na qual uma bomba de corda será eficiente. Mas talvez seja entre 35 a 45 metros. Outro problema é a possível contaminação do poço. A bomba de corda descrita acima não indica se o poço deve ser coberto. Há uma tendência de os habitantes locais não cobrirem o poço, porque é preciso tempo, dinheiro, esforço e vontade (baseados em conhecimento de higiene). Se o poço for descoberto, pequenos animais poderão entrar e defecar ou morrer nele. Dejetos humanos e parasitas podem também entrar no poço se as mãos não estiverem devidamente limpas quando a roda é girada. Uma cobertura adequado para o poço permitirá que o tubo saia por cima, antes de despejar a água que sobe em um recipiente. Um pequeno furo na cobertura, onde a corda abaixa, será suficiente. Isto melhora instalando-se um pequeno pedaço de tubo um pouco mais largo que o tubo de subida sobre a cobertura, de forma que os pistões possam passar facilmente com a corda de volta ao poço. Quandos os habitantes da comunidade não são muito preocupados com a higiene (mais comumente do que se imagina), e têm menos recursos, eles podem ser mais tentados a omitir a cobertura, aumentando a possibilidade de contaminação. Treinamento apropriado e uma conscientização pública sobre a higiene podem diminuir os efeitos destas desvantagens. Enquanto estas são desvantagens conhecidas de se utilizar a Bomba de Corda, elas não são problemas insolúveis. Experts com interesses pessoais na utilização de bombas de corda, contudo, irão exagerar e omitir a informação de que os custos em se lidar com estas pequenas desvantagens são muito menores que os custos de utilizar bombas de mão. Aumento da intensidade do trabalho: Trabalhadores locais não especializados podem ser usados para cavar poços rasos e para instalar bomba de cordas nos poços. Trabalhadores especializados, como artesãos independentes, podem fazer válvulas de pneus usados, construir a bomba de bicicletas abandonadas e colocar válvulas na corda. Gastar verbas de investimento em trabalho local em vez de produtos importados tem várias vantagens. Antigamente se dizia que isto reduz a possibilidade de desvio de fundos para uso pessoal, o que ajuda a aumentar a transparência por ter mais pessoas envolvidas. A transparência ajuda o dinheiro levantado pela comunidade e as verbas vindas de agências se tornarem mais visíveis, e logo mais difíceis de serem desviadas. Tem também outras vantagens. Como parte de um processo de fortalecimento das empresas privadas, empresas locais de escavação de poços e bombas de corda podem ser formados e treinados. Esta organização pode ser parte da tarefa de um mobilizador comunitário (você). A verba de desenvolvimento que deixaria uma comunidade se fosse importada uma bomba de mão, iria para estas empresas organizadas localmente. Um empresa de escavação de poços ou uma cooperativa poderia ser formada com uma reunião de gerentes e treinadores (do distrito ou da província) que contrataria vários trabalhadores locais para cada poço comunitário (de cada cliente onde um poço será cavado). Quando a verba é utilizada para se empregar a juventude local, o dinheiro que eles ganham será usado para adquirir produtos locais. O que, por sua vez, estimula a economia através da entrada de dinheiro novo que, de outra forma, seria usado para comprar maquinaria importada ou pagar escavadores e fornecedores de fora da comunidade. O mesmo se aplica no emprego de artesãos locais para converter bicicletas quebradas em bombas, para converter pneus usados em válvulas, para colocar vávulas em cordas, e para cortar e instalar tubos plásticos. A tecnologia da bomba de corda aumenta a eficiência do trabalho, a geração de renda local, a redução do desemprego e o desenvolvimento de negócios locais. Estratégias para o mobilizador: Este documento, como outros desta série, é direcionado principalmente aos mobilizadores comunitários (e seus gerentes e planejadores). Não é sua pretensão servir de tratado técnico sobre a bomba de cordas, mas como uma discussão de considerações sociais e econômicas relacionadas ao seu uso. Você, como mobilizador, animador, ativista ou trabalhador comunitário tem, como propósito principal, o fortalecimento (desenvolvimento da capacidade) ou empoderamento de comunidades pobres. Auto-confiança não é apenas uma liberdade de depender de fundos estrangeiros, mas é também uma liberdade de todos os outros tipos de fontes externas (incluindo idéias sobre tecnologias a serem utilizadas). Não há evidência que vilarejos pobres em países menos desenvolvidos tenham que usar o pensamento, a criatividade e as premissas que baseiam as tecnologias da Europa e da América do norte. Esta é uma forma de dependência mental que é um fator de manutenção da pobreza. A provisão de perfuradores e bombas de mão caras também são uma forma de dependência. Onde os aqüiferos são muito profundos, esta dependência não pode ser totalmente evitada (provavelmente). Onde os aqüíferos são muito profundos, contudo, a água é mais provável de ser salgada, e o bombeamento muito difícil. Nesteas casos, outras tecnologias de trabalho intensivas podem ser usadas, como a colheita de água da chuva. Onde os aqüíferos não são tão profundos, poços e bombas de mão podem ser evitados. Ao promover o uso de bombas de corda, explicando suas vantagens e desvantagens para os membros da comunidade que decidem se querem ou não, o mobilizador pode ajudar a reduzir a dependência e ajudar a melhorar a auto-confiança. Se eles vêem que funciona, irão copiar. Lembre-se que é o vilarejo, e não a agência, que deve tomar as decisões. Enquanto você pode rever os custos e benefícios das várias opções juntamente com eles, os membros comunitários, como um grupo, devem decidir que nível de tecnologia seria mais apropriada para eles. Armado com os argumentos e as considerações acima, você pode ajudá-los a analisar as consequências de escolher a bomba de corda em relação a outras tecnologias. Sua estratégia é dispor das diferentes alternativas, custos, benefícios e outras considerações de cada um, para que os membros da comunidade como um grupo possam tomar as decisões melhor informados sobre elas. Conclusão: Bomba de Cordas não são o remédio universal para curar todas as doenças relacionadas a água potável. Mas eles podem melhorar muito a situação dos problemas atuais. Enquanto existem vários interesses pessoais que resistirão à introdução e ao aumento do uso das bombas de cordas, suas desvantagens, especialmente no auxílio ao crescimento da auto-confiança e empoderamento, supera em muito suas desvantagens. O mobilizador está em uma boa posição para sugerir a introdução da bomba de cordas, facilitar o aumento do seu uso, e ajudar os membros de comunidades a tomar suas próprias decisões e sozinhos e tornarem-se mais empoderados. ––»«––Alguns endereços da internet:
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