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INVESTIGAÇÃO SOCIAL PARA MOBILIZADORES

Prática, Aplicada e Objetiva

por Phil Bartle, PhD

traduzido por Rachel Paiva


Manual de Treinamento

Investigação social aplicada ao auxílio da capacitação

Resumo

Este documento está focado no mobilizador da comunidade ou em seu diretor.

Os métodos de investigação social em ciências puras como Sociologia e Antropologia são similares, ainda que diferentes, dos métodos de investigações científicas aplicadas usadas pelo mobilizador ou diretor do treinamento. Manter a perspectiva social é essencial nos dois tipos, e os resultados da investigação pura pode ser valioso para o cientista aplicado.

Em campo, no entanto, o mobilizador precisa empregar métodos apropriados aos seus alvos e objetivos, à capacitação de comunidades e à capacidade de desenvolvimento das organizações.

Ciências Sociais Aplicadas:

É bastante útil dividir as ciências em puras e aplicadas. As ciências puras buscam o entendimento de como as coisas funcionam. Já as ciências aplicadas focam em descobrir utilidades práticas para o conhecimento. Enquanto a química é uma ciência pura, a engenharia química é uma ciência aplicada. A capacitação de comunidades e o desenvolvimento da capacidade dentro de organizações são dois exemplos de ciencias sociais aplicadas.

Enquanto mobilização, capacitação, capacidade de desenvolvimento e direção de treinamento são todas ciências sociais aplicadas, elas não são o mesmo que engenharia social.

A distinção entre pura e aplicada afeta a forma como a investigação científica é conduzida.

Na investigação de ciências puras, a Antropologia geralmente emprega a observação participativa. Neste método, o antropologista passa a morar na comunidade cuja cultura é diferente da sua cultura de onde nasceu, aprende a língua e os costumes, e registra suas observações sobre a cultura dessa sociedade exótica. A observação participativa (como na Antropologia) consome tempo, portanto não seria um método prático de pesquisa para o mobilizador que tem um tempo limitado para obter resultados na comunidade.

A Sociologia, ao contrário,costuma basear-se em pesquisas de entrevistas quantitativas. Uma pesquisa social quantitativa (como na Sociologia) é formal e muitas vezes dura. Essa formalidade poderá afetar o modo como os informantes respondem às perguntas. Uma pesquisa enfatiza a opinião dos entrevistados. Ela não se presta a descobrir como uma comunidade, ou qualquer instituição social, funciona em sua base.

Esses são apenas alguns exemplos comuns. Em geral, os métodos de investigação em ciências puras não são apropriados ou facilmente aplicáveis às ciências aplicadas (por exemplo, em mobilização, direção, capacitação). Os resultados da investigação em ciências puras, no entanto, podem ser de grande valia para o mobilizador. Não faz mal à ninguém ler publicações em investiação social pura para ver as descobertas e analisar os métodos usados. Esta é, aliás, uma ótima recomendação para o mobilizador.

O mobilizador deverá, apesar de tudo, utilizar outras abordagens para descobrir a respeito de uma comunidade específica a ponto de ajudar a capacitá-la.

Propósitos da Investigação

O propósito da investigação em ciência pura é ver como as coisas funcionam. Em ciência aplicada, é ajudar a fazer com que as intervenções capacitantes sejam mais eficientes. Descobrir como as coisas funcionam pode ser um produto secundário.

O objetivo do mobilizador é aumentar o poder e a capacidade de uma comunidade com baixa arrecadação. O método usual é encorajar, estimular e guiar a comunidade a se engajar na ação enquanto projetos de auto-ajuda voltados para os objetivos definidos pelos membros da comunidade como de maior prioridade.

Para ser eficiente e obter sucesso, o mobilizador precisa saber como a comunidade é estruturada - quais as mudanças em curso e quais estruturas e padrões se adequam à ela. O mobilizador precisa saber como a comunidade irá responder aos diferentes tipos de intervenções. Eles precisam saber qual a probabilidade de conseguirem unificá-la e escolher uma atividade que atrairá todos os membros que fazem parte dela. O mobilizador precisa conhecer a economia local, os processos políticos, a tecnologia, os padrões de interação, os valores e crenças dos membros da comunidade, em suma, sua cultura.

Informações de todos esses tipos ajudarão o mobilizador a escolher estratégias eficazes de intervenção para estimular a comunidade a se desenvolver. O diretor do programa , para poder capacitar diversas comunidades equilibradamente, precisa das informações sociais produzidas pelo mobilizador em campo. Essas informação não devem permanecer com o mobilizador, seus registros devem ser enviados para o diretor de um processo ou programa maior.

Abordagem Geral do Método:

O mobilizador precisa descobrir todas essas informações sem impedir sua habilidade em estimular a comunidade a agir.

Você, mobilizador, não tem tempo suficiente para passar um ano ou mais em observação participatória como um antropologista. Um mobilizador nem sempre consegue organizar uma pesquisa formal, devido à falta de equipe e outros recursos e porque, conduzindo uma pesquisa formal, ele provavelmente afetará as opiniões e comportamento dos residentes.

A pesquisa social feita por você, mobilizador, deve ser informal e imperceptível (de forma a acalmar a inquietação das pessoas).

Ainda que as observações devem ser casuais e sem a formalidade da tomada de notas, o mobilizador precisa reservar um tempo todas as noites, sozinho, para fazer longas anotações sobre o que foi observado e analisado durante cada dia. Ao fazer essa investigação social, o mobilizador não pode se prender à precisão. Felizmente, precisão não é uma necessidade imediata; tendências aproximadas e padrões podem ajudam o mobilizador a traçar uma estratégia apropriada para a comunidade, e pode ajudar o diretor a traçar uma estratégia adequada ao distrito.

Reserve Tempo Para Escrever:

Sente-se por pelo menos uma hora todos os dias, sem interrupções, para escrever suas observações e análises sobre a comunidade em que trabalha. Tenha um diário, incluindo mais do que apenas eventos do dia, mas suas observações, reações, soluções, pensamentos e considerações sobre o que vê, ouve e faz.

Suas anotações são parte essencial da investigação científica. Não as omita. Escrever ajuda.

Escrever ajuda a organizar seus pensamentos e, uma vez que a comunidade é construída sociologicamente e você jamais conseguirá ver o quadro geral, escrever o ajudará a construir uma imagem de sua comunidade. Você precisa analisar as coisas que observa, e escrever o ajuda a fazer análises. Isso contribui para ver a comunidade como um todo, além dos indivíduos que encontra diariamente.

Reescreva também.

Necessidade de uma Perspectiva Social:

Para conduzir uma investigação, bem como ser um mobilizador de sucesso, você precisa ver a comunidade como algo mais do que uma coleção de indivíduos.

Você precisa entender a Perspectiva Social. Isso é um pressuposto do método de fazer observações enquanto você ainda está na comunidade ou com os membros dessa comunidade, então faça - em particular - notas exaustivas com suas observações e análises. Você nunca conseguirá ver a comunidade em seu todo de uma só vez, mas pode enxergá-la como uma entidade única (veja a história do elefante).

Através da escrita, você consegue pensar e repensar a comunidade como uma construção, e adquirir um melhor entendimento do quadro geral em sua mente. Para entender melhor, você precisa dar uma olhada de cima na comunidade como um todo, e na sociedade como um todo. Lembre-se que a comunidade, enquanto construção social, está além dos seus indivíduos. O quadro geral está na sua cabeça.

A comunidade é um sistema funcional (muitas vezes disfuncional) e constante mudança. Você precisa traduzir as observações pessoais nas partes dessa visão holística, e isso pode ser melhor feito enquanto você escreve suas anotações. Organize suas observações em categorias como as seis dimensões da cultura. Isso ajudará a identificar os aspectos negligenciados e a manter uma visão holística da comunidade enquanto entidade superorgânica. Você também pode organizar suas observações nos dezesseis elementos de capacidade. Assim você conseguirá manter-se a par das mudanças que sua metodologia de capacitação precisa para trazer à comunidade.

Pesquisa Bibliográfica:

Não tenha medo de valer-se das ciências puras para obter informações sociais sobre a comunidade, seja da política econômica, geografia, antropologia e sociologia. Mesmo que coletada para gerar conhecimento científico extra, a informação pode ajudá-lo em seus objetivos de capacitação.

Procure artigos em jornais e revistas acadêmicas de sociologia, antropologia e geografia, caso tenha acesso à eles.Bibliotecas universitárias e internet são ótimas fontes. Não omita informações censitárias.

A pesquisa feita em comunidades similares do mesmo distrito, do mesmo grupo étnico ou da mesma área pode ser útil, desde que você se lembre que, da mesma forma que elas são similares, cada comunidade é única.Tome notas e teste algumas observações gerais pelo que você vê em campo.

Mapeie e Some:

Ao tomar notas sobre o que você vê e ouve na comunidade, não se limite às palavras escritas. Desde o início, desenhe tipos diferentes de mapas.

Comece com o mapa geográfico usual, esquematizando como as coisas são na comunidade, vistas do céu. Não pare por aí. Passe para diferentes tipos, mudando para mapas sem embasamento geográfico. Use as seis dimensões culturais como mecanismo organizacional.

Na dimensão tecnológica, por exemplo, mapeie a comunidade como um organismo vivo: o que ela consome, o que excreta? Como ela age sobre o que consome antes de excretá-lo? Da mesma forma, mapeie a dimensão econômica: onde a riqueza está concentrada? Como ela flui? (Distinga riqueza de dinheiro). Na dimensão política, mapeie as esferas de poder e influência. Inclua as fontes de habilidades para mudar as coisas, como tradição, herança, eleição, informalidade, não-reconhecimento, e outras. Como o pode é alocado na comunidade? Ele muda? Há indivíduos que conseguem seu poder de mais de uma fonte? Algum deles está mudando sua fonte? Quais os mecanismo que contribuem para essas mudanças? Não seja influenciado pelo pensamento de outras pessoas (inclusive o meu); seja criativo.

Faça seus próprios mapas. Mas divida-os e compare-os com os de outros mobilizadores. Treine-se para ver a comunidade como um único organismo, com características além de uma simples coleção de indivíduos, e identifique as forças e elementos que contribuem para a vida em comunidade.

Faça Listas:

Apesar de parecer uma atividade entediante, fazer listagens é uma forma útil de organizar e rever sua observações, e chegar a um conhecimento aprofundado da comunidade através de uma perspectiva social.

Comece a fazer listas, mesmo que você não as termine no mesmo dia. Faça lista sobre qualquer tipo de observação que você fizer sobre a comunidade. Quando você faz isso, torna-se consciente de coisas que não havia ainda observado, e prestará mais atenção à elas da próxima vez que passear pela comunidade.

Volte às listas mais tarde e reveja e revise. Divida-as e compare-as com os outros mobilizadores.

Suas listas podem ser sobre pessoas que desempenhem papéis relacionados à uma das dimensões culturais, por exemplo, na dimensão do poder (político), comece a listar todas as pessoas que exercem poder e/ou influência na comunidade.

Quanto à dimensão econômica, liste todos os comerciantes da comunidade. Liste todas as formas pelas quais a riqueza é transferida além do dinheiro. Liste os modos de utilização do dinheiro em avaliar a riqueza na comunidade. Liste coisas valiosas que são consideradas impróprias para se avalair em termos de dinheiro.

As listas não precisam ser apenas sobre pessoas. Pode ser uma lista de construções religiosas (igrejas, mosteiros, sinagogas, templos, tendas de renascimento, construções de divindades locais), de toda a safra cultivada e vendida ou instalações comunais (escolas, clínicas, suprimentos de água, eletricidade, salões de reuniões, estradas).

Eventualmente, você poderá fazer uma lista de todas as suas listas. Use-as para descobrir fatos que você possa ter negligenciado durante as discussões informais e observações em público. Compare-as com as de outros mobilizadores e discuta-as com seu diretor.

Diretores, encorajem seus mobilizadores a fazer listas e discuta com eles como ordenar as investigações sociais em cada comunidade.

Conclusão:

A investigação social do mobilizador não é uma investigação em ciências puras, como a sociologia e a antropologia. Ela precisa ser mais rápida, mesmo que menos precisa, e precisa ser o menos obstrutiva e não intrusiva possível. Não adianta buscar o conhecimento pelo conhecimento, mas buscar informações que levarão a maneiras eficientes de capacitar cada comunidade.

Você precisa traçar sua própria estratégia investigativa, de acordo com as condições da comunidade. Discuta o assunto com outros mobilizadores de seu distrito ou da mesma organização, e troque idéias e experiências.

Este documento é um guia, e não uma receita de como fazer seu trabalho. Muito do que for observado, você terá que repensar e analisar. A escrita diária o ajudará nisso. Veja sua investigação como um meio de apoio para a compreensão da comunidade através de uma perspectiva social, para entender melhor como ela é organizada, quais mudanças estão em curso e como estimular da melhor forma o aumento de capacidade.

Este documento (que enfatiza o "como" da sua investigação) completamenta o documento Pesquisa Comunitária (enfatiza o "o quê" da sua investigação).

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Última actualização: 05.12.2011

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