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GERAÇÃO DE RENDA, POBREZA E RIQUEZApor Phil Bartle, PhDtraducido por Lucas TcacencoDocumento principal do móduloEsse material é destinado ao orientador ou facilitador de trabalhadores de campo que estejam trabalhando seja pela primeira vez na área ou apenas atualizando suas habilidades. Seu foco são os princípios que sustentam as habilidades, técnicas e métodos disponíveis em outros documentos nesse website.Introdução: Você, com orientador e facilitador, por estar trabalhando em uma tarefa importante, contribuindo para a erradicação da pobreza, precisa saber alguns princípios básicos que sustentam as técnicas e atividades com as quais irá lidar. Você vai aprender a atacar as causas da pobreza, não seus sintomas. Aprenderá também que o inimigo é a pobreza, e não os pobres. Assim como que para eliminar a pobreza, deve se criar riquezas; a simples tranferência de dinheiro (e.g. máquinas de costura) de um dono a outro alivia a dor apenas temporariamente. Você aprenderá que a pobreza é um problema social e que prestar assistência aos indivíduos é diferente de implementar soluções duráveis para um problema social. Você tem um grupo de clientes e vai intervir em suas vidas, portanto essa é uma tarefa de responsabilidade. Porém, sem consciência dos fatores econômicos e sociaias, e a repercussão de sua atividade, você corre o perigo de trazer mais prejuízos do que benefícios. Lembre-se do juramento dos médicos, "Jamais cause mal à ninguém", e que esse seja seu princípio original de orientação. Nosso objetivo a longo prazo é a erradicação da pobreza. Logo, o que causa a pobreza? O primeiro erro que se pode fazer é tentar eliminá-la através do alívio temporário da dor e do desconforto causados por ela. Esses são seus sintomas. E não é isso o que faremos. Se você aliviar os sintomas, você coloca barreiras à erradicação da pobreza. Caridades aos necessitados reduz a dor deles num primeiro instante, mas os vicia a serem mais dependentes de caridades. Devemos identificar as causas da pobreza e contrabalançar estas poderosas forças negativas. Aprenda as "Cinco Maiores" causas que estão por trás do problema social da pobreza. Você não somente irá ensinar as Cinco Maiores aos seus trainees e participantes, mas deverá saber que os princípios de erradicação da pobreza exigem a eliminação de suas "Cinco Maiores" causas. Devemos criar métodos que criem de riqueza reais como um processo de crescimento sustentável. Quando algumas pessoas vêem a palavra "riqueza" logo lhes vêm à cabeça a riqueza dos ricos e poderosos. A riqueza, contudo, significa qualquer coisa que tenha valor, não importa seu tamanho ou medida; é o contrário de pobreza; é o valor por trás do dinheiro. Se estamos aqui para derrotar a pobreza, então, devemos conhecer bem sobre ela (não apenas seus sintomas) e sobre riqueza. Teorias Descartáveis: Devemos, primeiramente, descartar alguns pressupostos comuns: Pobreza não é apenas ausência de dinheiro e riqueza não é simplesmente possuir dinheiro. Pobreza e riqueza vão além da ausência e presença de dinheiro. O dinheiro pode ser usado às vezes como um medidor da riqueza, um meio de poupá-la e um útil conjunto de símbolos para a troca de riquezas. Entretanto, dinheiro não é riqueza e a natureza da pobreza é muito mais importante e desafiadora do que a simples ausência de dinheiro. Lembre-se: esse material não visa ensiná-lo técnicas, mas o estimula a analisar as causas da pobreza, e os princípios das técnicas que você aprende nos outros documentos dessa série. O dinheiro pode ser uma ferramenta bastante útil. Ele pode ser usado para combater a pobreza e gerar a riqueza. O dinheiro, por si só, não vai eliminar a pobreza. A transferência de dinheiro, de um detentor a outro, simplesmente caracteriza um fluxo; não resolve o problema social da pobreza. Você precisa de três coisas para contribuir na erradicação da pobreza: (1) compreender os conceitos e princípios (2) algumas habilidades de treinamento, facilitação e organização e (3) características pessoais, incluindo integridade, motivação e criatividade. O que é, de fato, riqueza? Se dinheiro não é o mesmo que riqueza e o acúmulo de dinheiro não eliminará a pobreza, então, o que é riqueza e como ela ajudará a combater a pobreza? Não podemos, simplesmente, confeccionar mais dinheiro. Se acrescentarmos mais dinheiro a uma economia (e.g. confeccionando mais cédulas) ,então, estaremos contribuindo para a inflação, fazendo o dinheiro valer menos do que valeria. Inflação é o resultado do aumento do custo dos bens. Não podemos, simplesmente, ofertar dinheiro aos pobres. Se fizermos essa transferência, do rico para o pobre (esmolas, caridade), não criamos novas riquezas nem atacamos as causas da pobreza. (Veja "Dependência" e veja a anedota sobre "Maomé e a corda", em ""Histórias""). Então, vamos primeiramente entender a natureza da riqueza. Do que se trata? Se olharmos a definição econômica de riqueza, estaremos bem perto de analisar como ela é usada no combate à pobreza. Os economistas falam de "bens e serviços" com valor, mas mesmo os "bens" somente têm valor até onde podem fornecer algum serviço. O conceito chave, aqui, é valor (Veja "palavras-chaves"). Algo tem valor relativo de acordo com dois atributos (1) se é relativamente útil (tem utilidade) e (2) se for relativamente escasso. A riqueza que é para ser criada (ou renda a ser gerada) está na forma de valor agregado. Isso significa que algo (valioso) já tem algum valor, e as atividades que seus participantes, trainees ou clientes tomarão, irão adicionar mais valor à elas. Esse valor adicional é a riqueza que é gerada. Qualquer um de nós que tenha passado por uma situação financeira difícil se sente como se soubesse o que é pobreza. Porém, a experiência individual de pobreza, que é aliviada pela aquisição de um pouco de dinheiro, é bem diferente do problema social da pobreza, que é um problema de toda a economia - de toda a sociedade. A pobreza, como problema social, é a falta de riqueza, não de dinheiro. Para pessoas de baixa renda, a pobreza também é o resultado de como a riqueza é distribuída na sociedade. Se você só adicionar dinheiro ao sistema, você só cria inflação, e isso não livra a sociedade da pobreza. Você precisa agregar valores (riqueza) ao sistema para reduzir (não somente aliviar) a pobreza. A resposta para combater a pobreza, como problema social, então, é não agregar dinheiro, mas criar ou gerar riquezas; e seu trabalho como facilitador é orientar os mais pobres em métodos de geração de riqueza. Você pode fazer três coisas com a riqueza: (1) consumi-la, (2) guardá-la e (3) investi-la. Para ilustrar tudo isso, vamos tomar o exemplo de um trabalhador rural africano. (Você pode ilustrar esse conceito mostrando uma pequena compota com amêndoas secas dentro). Já que a grande maioria trabalhadores rurais são mulheres e meninas, usaremos o pronome "ela", sem uso de discriminação contra o gênero masculino. Vamos dizer que elas tenham acabado de colher uma plantação de milho. Elas podem (1) consumi-lo, (2) guardá-lo ou (3) investi-lo. (Mostre sua compota de amêndoas secas e pergunte quais das três opções podem ser feitas; ou divida as porções em três). Elas podem comer ou cozinhar algumas com seus amigos e parentes, ou seja, (1) consumi-la. (Claro que você nao vai preparar comida na sala de aula, mas mostrar as amêndoas vai demonstrar a veracidade de seu exemplo). Elas podem separar algumas em um outro frasco; isto é, (2) guardá-las. Se parasitas e pestes destruírem alguns desses grãos, chamaremos isso de uma forma indesejada e desagradável de consumo. Elas também podem separar um pouco desses grãos para usá-los como sementes e plantá-los de modo que futuras plantações cresçam no futuro. Esse é (3) um investimento de sua riqueza, milho (que é relativamente escasso e útil). Somente a terceira alternativa cria novas riquezas. A peça-chave do enriquecimento em um sistema econômico, então, é o investimento, onde o consumo imediato é deixado de lado, à curto prazo ou imediato, de modo a aumentar a produção de riquezas no futuro. Nosso complexo mundo moderno não é tão simples como o do trabalhador rural que tinha três alternativas, mas o princípio é o mesmo: investimento gera o enriquecimento, e combate à pobreza. Esse é um importante princípio do projeto de geração de renta dessa série; e é essencial que você o entenda antes de começar o seu trabalho. A pobreza como um problema social: O que causa a pobreza? (Qual o seu problema social). A falta de dinheiro é uma forma de medida e um sintoma da pobreza. Tratá-los não curará as doenças. As causas do problema social da pobreza têm raízes em vários fatores, especialmente os Cinco Maiores: doenças, ignorância, desonestidade, apatia e dependência. As doenças fazem com que a força trabalhista da sociedade seja menos produtiva. Enfermidades e mortes são subtraídas de um dos três fatores principais de produção, o trabalho humano. Pode-se reduzir a doença através de um maior entendimento de sua prevenção, e certificando-se de que a saúde pública seja usada para preveni-la e curá-la, e não desviada para ganhos pessoais. Assim, os fatores da pobreza são interligados: desonestidade e ignorância causam as doenças e todos os três contribuem para a pobreza. A ignorância, como mencionado, não é uma coisa vergonhosa, é simplesmente um fato. Ela é causada pelo isolamento, então algumas pessoas simplesmente por nunca terem ouvido falar (informação) de certas coisas não possuem o conhecimento necessário. Outros fatores atrelados à pobreza podem contribuir para a ignorância, incluindo as doenças e a desonestidade. Ambos contribuem para uma baixa disponibilidade de educação e informação. A desonestidade, em si, é a maior causa da pobreza como problema social. Quando uma pessoa, em posição confiável, desvia uma centena de valores para uso pessoal, a sociedade, em grande parte, pode perder muito mais do que uma centena que poderia contribuir para o desenvolvimento e a redução da pobreza. Isso é parte do que os economistas chamam de "efeito multiplicador". A desonestidade se desenvolve em uma atmosfera de apatia, ignorância e dependência, então, há um outro exemplo de interligação entre os fatores da pobreza. Lembre-se que isso não é um julgamento de valores. Não dizemos que a desonestidade, as doenças e a ignorância são coisas ruins. Deixemos a pregação do que é bom ou ruim para os nossos líderes religiosos. Essa é só uma análise científica (ciência social) dos fatores da pobreza. Para combater o problema social da pobreza (se for da decisão do povo) é necessário identificar e analisar as suas causas. Outros fatores ligados à pobreza incluem a falta de comércio, liderança e instituições de apoio, assim como corrupção e infra-estrutura precária. Esses fatores, em si, são resultado das cinco causas-chave: apatia, doença, desonestidade, dependência e ignorância. A pobreza, assim como a riqueza, vem em diversas variedades relacionadas à propriedade privada. A falta de instalações e serviços humanitários e comunitários se deve tanto à iniciativa pública quanto à privada. Isso inclui a falta de acesso à serviços de saúde e de educação, falta de infra-estrutura, como por exemplo estradas, comércio, eletricidade ou telefone, e falta de outras instalações comunitárias, como saneamento, água potável e fontes de alimentos permanentes. Essas formas de riqueza comunitária diferem das propriedades privadas, onde a pobreza é manifestada através de baixa ou nenhuma remuneração, falta de terras e outras propriedades, de capital privado (ferramentas, construções, fábricas) e falta de habilidades humanas. Esse manual enfatiza a formação de capital privado e a redução da pobreza pelo estímulo dos microempreendimentos privados. A necessidade de investimento: Esse método lança, em um nível mais simples, o investimento privado que, se tomar raízes e crescer, contribui para a criação de riquezas e a erradicação da pobreza em nível nacional. Como orientador, você precisa conhecer o significado de investimento, e seu papel no combate à pobreza e a criação de riqueza (Geração de renda). A riqueza já existente pode ser direcionada ao consumo ou investimento. O milho, como alimento, é um exemplo de bem de consumo. Uma enxada de jardim, usada para preparar terras de plantio, é um exemplo de bem de capital. Um bem de capital não pode ser diretamente consumido, mas pode contribuir para aumentar riquezas futuras. O investimento significa o direcionamento de riqueza para a produção de capital, necessário na contribuição para o crescimento da riqueza na comunidade e na sociedade. Quando começar esse projeto de geração de renda, você estará orientando empreendedores de baixa renda na conversão de riqueza de consumo para riqueza de investimento e, portanto, o aumento da riqueza e a redução da pobreza. O mercado produtivo em pequena escala, especialmente o processamento inicial de produtos agrícolas, é administrado mais efetivamente por empreendedores individuais. O processamento inicial é altamente requisitado em todo o continente, e é setor mais promissor para a redução da pobreza em larga escala. Seu trabalho como mobilizador é apresentar a indivíduos de baixa renda, especialmente mulheres (assim como jovens desempregados, deficientes, etc), a se tornarem criadores de riqueza, por exemplo, empreendedores urbanos no processo de terras agrícolas. Conclusão: Como em qualquer trabalho comunitário, a geração e criação de renda entre os participantes de baixa renda é algo que vai muito mais além do que seguir de um conjunto de regras pré-fabricadas; é necessário que você entenda os princípios econômicos e sociais que sustentam as ações corretas. Sem entender esses princípios importantes, talvez você seja impulsionado a tomar decisões incorretas em relação às suas ações e seu objetivo, sua intenção, e os resultados (output) e as conseqüências (outcome) de suas ações. Existem muitos indivíduos com argumentos que, superficialmente, parecem convincentes, e tentarão enganá-lo; ou seja, existe um perigo real onde você pode tomar ações que contribuam para a dependência e a pobreza a longo prazo (talvez uma temporária diminuição à curto prazo), ao invés de uma redução sustentável da pobreza e uma geração de renda real. Para que possamos ajudá-lo a entender esse princípio importantíssimo, esse material visa explicar a natureza da riqueza (de que maneira ela difere do dinheiro), a natureza social (não individual) do problema social da pobreza, o significado e a proposta essencial de investimento, e a consciência de que a caridade (doações de dinheiro ou mercadorias) e bolsas-auxílio ou empréstimos subsidiados contribuirão para o problema ao invés de solucioná-lo. ––»«––Valor Agregado; sabão feito de cinzas e gordura = riqueza gerada: © Direitos de autor 1967, 1987, 2007 Phil Bartle
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