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DESCOBRIR RECURSOS ESCONDIDOS

de Phil Bartle, PhD

traduzido por Sofia Ferreira Fernandes


Documento de Referência

Resumo:

Fornecer recursos a uma comunidada é um incentivo à dependência de mais recursos. O desenvolvimento sustentável de uma comunidade, eliminação da pobreza e o aumento da auto-suficiência implica que a comunidade tenha de usar os seus próprios recursos.

Ao aceitar certos tipos de ajuda exterior, tem de o fazer de modo a não se tornar dependente desses mesmos recursos. Felizmente, cada comunidade tem recursos, por vezes escondidos; e a tarefa principal é a sua identificação e uso.

Introdução:

Os nossos objectivos são o desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza e auto-suficiência da comunidade nas comunidades com baisxos ingressos. Queremos ajudar. Mas a nossa ajuda pode ser perigosa; pode contribuir para a pobreza, estagnação e dependência.

Precisamos compreender melhor a natureza da pobreza e do desenvolvimento, de maneira a sermos capazes de fornecer assistência genuína, que contribui para eliminar a dependência de mais assistência, e não para continuar com a pobreza e dependência.

A pobreza não é absoluta:

Nenhuma comunidade é totalmente e absolutamente pobre. Enquanto houver seres humanos numa comunidade, então ela possui recursos suficientes para permitir a sobrevivência aos seus membros. Se uma comunidade é apenas um campo arqueológico, sem seres vivos, então já não se considera como sendo uma comunidade.

Nenhuma comunidade viva é absolutamente pobre. "Oh!" pode dizer, "mas as pessoas não têm sapatos, nem água potável, a nutrição é pobre, a mortalidade infantil é elevada, prevalece a iliteracia, apatia, doença, ignorância e a intolerância e não existem infraestruturas. Eles precisam de ajuda!" Sim, eles precisam de ajuda, mas nós, os que estamos interessados no desenvolvimento sustentável, devemos ser cuidadosos na natureza da ajuda a fornecer.

Cada comunidade possui recursos.

É importante lembrar-se que cada comunidade possui recursos. Porquê? Se pretendemos tornar essas comunidade mais fortes, precisamos de libertar esses recursos que não são evidentes. Se vamos fornecer assitência, precisamos de o fazer de modo a fortalecer e não enfraquecer a comunidade. Se vamos enviar recursos para a comunidade sem usar os recursos internos, estamos a contribuir para a atrofia da comunidade e aumento da dependência em relação ao exterior e, por conseguinte, para a prevalência da pobreza endémica a longo prazo.

O que são recursos?

Um recursos é qualquer bem ou serviço que é relativamente escasso e útil; ou seja, que possui um valor, que é riqueza. No entanto, não é uma riqueza qualquer, é um recurso que pode ser usado como um dos elementos necessários para a produção de determinado produto ou serviço. É a matéria-prima de uma actividade de produção; e no caso da comunidade é a matéria para um projecto da comunidade.

O recurso da comunidade que, em geral, mais é tido em consideração é o dinheiro; o dinheiro é o recurso mais flexivel e mais fácil de converter, pois pode ser usado para comprar ou alugar outros recursos (bens ou serviços). De um modo geral, o dinheiro é escasso, e as comunidades pobres vão ter de procurar outros recursos, e tentar convertê-los em dinheiro, ou em recursos que possam ser úteis para o projecto comunitário. Os recursos da comunidade incluem diversos bens e serviços que não são monetários.

Tem de pensar quais os tipos de recursos que a comunidade possa necessitar para o seu projecto prioritário. Vai precisar de terreno, de um local onde se localize o projecto. Necessita de ferramentas para realizar o projecto. Necessita também de matéria-prima que se converterá no resultado final do projecto, de mão-de-obra que forneça a energia humana necessária para essa conversão, e ainda de energia mecânica derivada da electrocidade, luz solar, vento ou água. Adicionalmente existe o tipo de recurso mental, ou seja, as pessoas ajudarão nas fases de planeamento, monitorização da tomada de decisão, gestão e elaboração de relatórios; todos estes recrusos são necessários, e a própria comunidade pode fornecê-los.

É muito importante não desvalorizar estes recursos que não são monetários, e estabelecer um preço justo ou valor de mercado para estes recursos (incluindo o tempo e esforço gastos pelos comités de implementação e executivos da comunidade). Existe uma tendência geral para os membros da comunidade desvalorizarem estes recursos, e como tal, enquanto mobilizador, deve assegurar-se que lhes é atribuido reconhecimento justo pelo seu trabalho.

Fontes externas:

Existem dois tipos principais de fontes externas de recursos: (1) governo e (2) agências de assistência.

As fontes governamentais incluem as despesas fiscais e regulares no orçamento dos governos centrais, regionais e distritais que podem ser responsáveis pelo fornecimento de bens e serviços e provisão de fundos à comunidade. É importante que as decisões spbre estas despesas sejam feitas apenas após a sua comunicação à comunidade. As decisões realizadas pelos burocratas em cidades capitais distantes (capital nacional, regional ou distrital) sem o envolvimento das comunidades são tão nefastas como a caridade; contribuem para a apatia, dependência, e para a continuação da pobreza.

Enquanto mobilizador não pode exercer muito controlo sobre o modo como tais decisões são tomadas, mas pode contribuir de duas maneiras: (1) encorajando e auxiliando os oficiais governamentais a dialogar com a comunidade, assumindo um papel de negociador (como é explicado posteriormente) e (2) apoiando e sugerindo o desenvolvimento de políticas na área do desenvolvimento da comunidade que apoiam uma conjuntura favorecedora a esta área, na qual os planos a nível central, regional e distrital são apenas realizados como resposta aos planos e prioridades das comunidades locais.

As agências de assistência podem ser de vários tipos. Para qualquer comunidade, o mais frequente são as ONG internacionais, ou nacionais mas financiadas por uma internacional. (ONG significa Organização Não-Governamental; de um modo geral é uma agência voluntária sem fins lucrativos.) Outras agências externas podem ser igrejas ou departamentos seculares de assistência a projectos bilaterais ou multilaterais A Cruz Vermelha Internacional assume como não sendo uma ONG; mas é uma ONG. Cada vez mais, as fontes internacionais de assistência apelam à participaçãp da comunidade e ao desenvolvimento sustentável.

De novo, o seu papel será de negociador, especialmente porque as agências estrangeiras em geral não estão ao corrente das condições locais nem das oportunidades de empoderamento das comunidades ao inclui-las no processo de tomoada de decisão e de contribuições para o desenvolvimento.

O paradoxo da caridade:

"Ajudar os pobres" pode-se considerar como um valor humano universal. A caridade ou realização de oferendas estão incluidas no conjunto de valores professados pelas maiores religiões mundiais. A assistência dos governos às áreas do país em situação económica desfavorável, a ajuda internacional feito pelos países ricos, e os subsídios e apoios governamentais aos desfavorecidos, são manifestaçãoes deste valor universal.

Ajudar os pobres, no entanto, não equivale a terminar com a pobreza. É este o paradoxo. Fornecer assistência a indivíduos necessitados pode inclusivé contribuir para o problema social de pobreza em vez da sua erradicação... Porquê? Dar uma esmola a um pedinte é um incentivo para continuar a pedir e reforça e sua convicção de que pedir esmola é a solução do problema. Ao fornecer ajuda a países de baixo rendimento reforça a sua noção de que a ajuda é um deireito seu, e como tal, pode ser usada para financiar os seus planos fiscais.

Preste também atenção às motivações para dar esmolas. Como é que o dador beneficia, e como tal tem um interesse na sobrevivência deste hábito? Em muitas sociedades, as pessoas ricas dão esmolas aos pobres para apaziguar o seu sentimento de culpa dado que sabem que a sua riqueza foi obtida à custa dos pobres (Tolstoy). Dar esmolas reforça a mendigagem, e como tal reforça a estrutura de desigualdade que mantém ricas as classes de elite, e sustenta a pobreza.

Não desespere. Este documento não tem a intenção de discutir ou abolir a ajuda e assistência externas. Nem defende uma revolução violenta. Apenas defende a importância do modo como a ajuda é fornecida, e que esse modo precisa de ser compreendido; e deve causar benefícios para a comunidade em vez de estragos. Aliviar a pobreza e os pobres não é o objectivo; o objectivo é a luta contra a pobreza e sua eliminação.

Então o que é que tudo isto - paradoxo da caridade - tem a ver com mobilização? O paradoxo existe a muitos níveis (individual, comunitário, nacional, internacional). Existem diversas forças sociais, políticas e económicas que sustentam a pobreza. Se o seu objectivo é lutar contra a probeza, especialmente ao nível da comunidade, precisa entender o paradoxo da caridade e a sua relação com essas forças.

Na sua acção como negociador com a comunidade e os seus recursos externos, precisa de informar acerca dos perigos da caridade. Um bom estratega militar dirá "Conheça o inimigo". O inimigo aqui é a pobreza.

Liberte os recursos:

A sua tarefa enquanto mobilizador consiste em encorajar e ajudar a comunidade a identificar e usar os seus recursos locais.

Precisa assegurar os membros da comunidade que não é do seu interesse esconder os seus recursos (ou esconder o conhecimento acerca dos seus recursos) e assumir-se como sendo mais pobre do que se é. Eles podem sentir-se tentados a fazê-lo. Apelar ao sentimento de pena dos dadores deste modo não é honesto nem eficiente para desenvolver auto-suficiência e empoderamento das comunidades de baixos rendimentos.

É importante e necessário direccionar os membros da comunidade para que identifiquem os recursos internos. O que pode ser uma tarefa muito interessante e divertida. As ferramentas normais do mobilizador são muito apropriadas para esta tarefa: reunião da comunidade ou grupo, um grande papel na parede e uma caneta (ou um pau para escrever ou desenhar no solo).

Considere todos os recursos potenciais dos participantes (à semelhança duma discussão em grupo ), tal como um carpinteiro reformado que possa estar disposto a dar formação aos membros mais jovens da comunidade, ou um terreno abandonado que possa ser usado para uma infraestrutura comunitária como uma clínica ou escola, ou um jovem desempregado que possa dedicar-se com energia e entusiasmo, ou um agricultor ou produtor de géneros alimentícios e várias pessoas que estejam dispostas a preparar as refeições para os trabalhadores comunitários que dedicam o seu tempo e energia, e ainda alguns membros da comunidade dignos de confiança que estejam disponiveis para dedicar o seu tempo na concepção do projecto da comunidade.

Tente não analisar as sugestões à medida que elas surgem (deve encorajar todos a contribuir com as suas ideias; alguns participantes mais tímidos podem temer as críticas). Tal como numa discussão em grupo, põe-se de lado a atitude crítica e conversas cruzadas; e faz-se uma lista na parede com todas as sugestões. Explique as sugestões serão analisadas a posteriori. Lembre-se de assinalar que o dinheiro não é o único recurso, e como muitos recursos que não são monetários são muito preciosos. Quão preciosos? Uma avaliação monetária do valor de um recurso não-monetário será eventualmente necessária para assegurar uma concepção correcta do projecto, mas pode ser feita posteriormente pelo comité executivo da comunidade. Dinheiro e riqueza, apesar de relacionados, são elementos distintos.

Ao identificar os recursos desta maneira, é importante lembrar-se de incluir os potenciais recursos monetários. Estes podem incluir: um evento de recolha de fundos, rifas ou lotarias locais (caso sejam legais), venda de bens doados (uma vez assisti a uma pessoa rica de uma cidade pagar mil dólares por um copo de água de num leilão público na sua terra rural natal).

Encorage os participantes

Luta para ser mais forte:

Os biólogos sabem que os organismos vivos se fortalecem na adversidade. Os entusiastas do desporto sabem que o exercício físico fortalece os seus ossos e músculos. Os professores e psicólogos sabem que os exercícios mentais fortalecem a capacidade mental. Por isso, também na esfera sociológica, uma comunidade, grupo ouu organização que enfrenta a adversidade se torna mais forte.

Não a adversidade que elimina o organismo ou organização, mas sim a adversidade que gera fortalezas.

Este conhecimento ensina o quê ao mobilizador? Se se dá tudo às comunidades em forma de caridade, elas tornam-se atrofiadas (imobilizadas pela fraqueza). Se, enquanto conselheiro e guia para uma comunidade, se fornece informação acerca deste princípio, se guia a comunidade para que tomem as suas próprias decisões, para que dediquem tempo e esforço para escolher os seus próprios objectivos, identificar os seus recursos e realizar os seus próprios palnos comunitários, então está a dar-lhes poder.

Se uma comunidade luta, então tornar-se-á mais forte.

O mobilizador como negociador:

Sabendo que os recursos potenciais se encontram fora da comunidade, um mobilizador dessa comunidade age como um "negociador" entre a própria comunidade e essas fontes (governo e agências de assitência).

Um "negociador" é alguém que age como um mediador, fazendo a selecção e apresentando as diferentes partes que ainda não se conhecem, e assistindo nas negociações e comunicações entre essas partes.

Enquanto negociador, o mobilizador também aumenta a consciência e a compreensão de ambos os lados. Tanto as fontes (doadores e governo) como os membros da comunidade devem aprender princípios tais como (1) "Assistência ao Desenvolvimento Sustentável, Não à Caridade", (2) "Identificação e Uso dos Recursos Locais", (3) "Luta para ser mais Forte", (4) "Nada a troco de Nada", (5) "A Ajuda é para os que se Ajudam a Si Mesmos", e outros princípios apresentados nestes módulos de formação.

Desenvolvimento sustentável :

É uma impossibilidade matemática (e também anti-desenvolvimento) fornecer assistência a todas as comunidades pobres do mundo usando recursos externos. Demasiadas comunidade pobres; insuficientes recursos disponiveis.

A chave para o desenvolvimento sustentável, a erradicação da pobreza, consiste no uso dos recursos escondidos que já existem nas comunidades pobres.

Tal pode considerar-se como um investimento; de modo a usar esses recursos, eles têm de ser identificados, tanto os membros da comunidade como os doadores externos devem ter conhecimento desses mesmos recursos, e deve-se investir formação na gestão de modo a poder usá-los.

Os doadores podem ser mais úteis ao direccionar os recursos da sua assistência para a formação e consciencialização necessárias para usar esses recursos, do que ao comprar tubos ou telhados, e ao fornecer ajuda de maneira a aumentar a dependência e não a contribuir para a auto-suficiência.

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Uma vez que o papel e a tinta são relativamente caros, não é financeiramente viável produzir cópias em papel do material de formação em quantidade suficiente para cada zona rural ou urbana das nações em vias de desenvolvimento. No entanto, é possivel que eventualmente cada aglomerado populacional tenha acesso à Internet. Este pressuposto é a motivação para a produção desta série de módulos de formação neste website (../index-p.htm). A eliminação da pobreza pode ser um objectivo realista, dada a combinação de (1) os métodos aqui apresentados e (2) a Internet.
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Última actualização: 29.11.2011

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